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Estudo Aponta Risco de Gordura Escondida nos Músculos para Problemas Cardíacos, Independentemente do Peso Corporal
Uma pesquisa revelou que a presença de gordura oculta nos músculos – semelhante ao marmoreio da carne bovina – pode aumentar o risco de morte por infarto ou insuficiência cardíaca, independentemente do peso corporal. Este tipo de gordura, pouco conhecido e estudado em humanos, está sendo associado a inflamações e resistência à insulina, fatores que podem prejudicar os vasos sanguíneos ao redor do coração.
Os pesquisadores alertam que simplesmente medir o IMC (Índice de Massa Corporal) ou a circunferência da cintura não são suficientes para avaliar os riscos relacionados à saúde do coração.
O estudo foi conduzido por uma equipe do Brigham and Women’s Hospital, em Boston, que analisou dados de 669 pessoas avaliadas por dor no peito ou falta de ar. Os participantes passaram por exames para avaliar o funcionamento do coração, e tomografias foram realizadas para analisar a composição corporal, medindo as quantidades e localizações de gordura e músculo no tronco.
Para determinar a quantidade de gordura armazenada nos músculos, os cientistas calcularam a relação entre a gordura intermuscular e o total de músculo mais gordura, utilizando uma medida chamada fração de gordura muscular.
Os participantes foram acompanhados por cerca de seis anos, e os pesquisadores registraram os casos de morte ou hospitalização devido a infarto ou insuficiência cardíaca. Os resultados indicaram que pessoas com maior quantidade de gordura nos músculos estavam mais propensas a sofrer danos nos pequenos vasos sanguíneos que abastecem o coração e tinham maior risco de morrer ou ser hospitalizadas por doenças cardíacas.
Para cada aumento de 1% na fração de gordura muscular, o risco de danos aos pequenos vasos sanguíneos do coração aumentava em 2%, e o risco de desenvolver doenças cardíacas graves aumentava em 7%. Esses riscos foram observados independentemente do IMC.
A professora Vivianay Taqueti, autora principal do estudo, explicou que o armazenamento de gordura nos músculos pode contribuir para inflamações e resistência à insulina. Esses danos crônicos podem afetar os vasos sanguíneos, incluindo os que fornecem sangue ao coração, além de prejudicar o próprio músculo cardíaco.
“Sabemos agora que a gordura intermuscular eleva o risco de doenças cardíacas, oferecendo uma nova maneira de identificar pessoas em alto risco, independentemente do seu índice de massa corporal”, disse Taqueti.
A professora também ressaltou que ainda não se sabe como reduzir o risco para aqueles com gordura nos músculos. “Por exemplo, não sabemos como tratamentos, como novas terapias de perda de peso, afetam a gordura nos músculos em comparação com a gordura em outras partes do corpo, nos tecidos magros e, eventualmente, no coração”, explicou.
A obesidade é considerada uma das maiores ameaças globais à saúde cardiovascular, mas o IMC – nossa principal métrica para definir a obesidade e estabelecer limiares para intervenções – ainda é um marcador controverso e falho para prognósticos cardiovasculares, especialmente entre as mulheres, onde um alto IMC pode refletir tipos de gordura mais “benignos”.
