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As moedas latino-americanas desvalorizaram mais de 30% frente ao dólar nos últimos 10 anos, aponta um levantamento realizado por Michael Viriato, fundador e sócio da Casa do Investidor, a pedido do CNN Brasil.
No período, o real desvalorizou 61,95%, ficando atrás apenas do peso argentino, que caiu 96,20%.
À CNN Brasil, Claudio de Moraes, professor de finanças do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a cesta de moedas de países emergentes costuma sofrer com movimentos externos e internos.
A crise causada pela Covid-19 foi um dos fatores externos que gerou impacto, pois os investidores procuraram por moedas mais seguras e abandonaram os investimentos latino-americanos, migrando para os EUA, por exemplo.
Já internamente, Francisco Nobre, economista da XP, explica que, especificamente no longo prazo, os juros e a inflação persistentemente mais altos tendem a desvalorizar as moedas e baixar o preço do câmbio.
Nos últimos 10 anos, os juros e a inflação nos países da América Latina foram muito mais altos comparado com os EUA.
“Então, naturalmente, as moedas se desvalorizaram ao longo do tempo e não vão mais voltar para os níveis de 2012”.
O diferencial dos juros aponta para uma desvalorização monetária de:
- Brasil: 62%;
- Chile: 43%;
- Colômbia: 57%;
- Peru: 30%
A conta não é possível ser feita com a Argentina porque o país trocou a taxa usada como juros básico, do LEBAC pro LELIQ, em 2018.
No curto e no médio prazos, também existem vários fatores que podem influenciar o valor da moeda. Tais como, riscos políticos e econômicos, acúmulo de dívida pública, exportações, balança comercial, crescimento econômico e performance da bolsa.
Na América Latina, o câmbio também tende a ser correlacionado com o preço das commodities, por causa de sua importância para estas economias.
Esse foi um dos motivos para que o real fosse a quarta moeda que mais se valorizou em relação ao dólar neste ano.