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Enquanto avança a jornada eleitoral na Venezuela, o regime chavista divulgou na tarde deste domingo (28) supostos dados de boca de urna sobre o resultado das eleições presidenciais que dariam a Nicolás Maduro uma ampla vantagem de 21 pontos.
Segundo os dados falsos divulgados pelo regime, a empresa “Lewis and Thompson” teria processado os dados de pessoas entrevistadas ao sair do local de votação até o meio-dia. O resultado contrasta totalmente com o de todas as pesquisas mais prestigiadas da Venezuela, que publicaram sondagens nas últimas semanas prevendo uma vitória contundente do opositor Edmundo González, com uma vantagem entre 20 e 35 pontos percentuais.
O único problema é que a tal empresa “Lewis and Thompson” não existe, segundo relatou a agência de notícias Infobae.
Ainda conforme o veículo, duas figuras públicas que repercutiram esses dados falsos foram os ex-presidentes do Equador e da Bolívia, Rafael Correa e Evo Morales, que publicaram em suas contas na rede social X os supostos levantamentos.
“Com a Venezuela bloqueada e em crise, a direita equatoriana dizia que era preciso votar neles para evitar se tornar como a Venezuela. Agora parece que os venezuelanos estão votando para evitar se tornar um Equador que, sem bloqueio, foi destruído pela direita”, escreveu Correa na publicação que acabou apagando minutos depois.
“Os resultados de boca de urna já indicam uma grande vitória da Revolução Bolivariana. Ninguém poderá obscurecer este grande triunfo do companheiro @NicolasMaduro, da Revolução, da democracia e da paz. Viva Venezuela!!”, celebrou Morales, horas depois, anexando a mesma captura com a pesquisa falsa.
Apesar de a Lewis and Thompson afirmar em sua página na internet que tem mais de 25 anos de experiência no campo, a investigação da ONG venezuelana Cazadores de Fake News revelou que seu domínio web foi criado há apenas 18 dias, em 10 de julho de 2024.
As irregularidades não terminam aí. A conta no X associada à Lewis and Thompson foi criada apenas em 19 de julho de 2024 e conta com apenas 222 seguidores, o que é incomum para uma empresa que se gaba de ter tanta experiência. Além disso, uma busca no Google não mostra nenhum registro anterior a julho de 2024 sobre nenhuma firma de análise eleitoral com esse nome.
“Não há nenhuma prova de que a Lewis and Thompson seja uma firma de análise eleitoral legítima”, afirmaram os investigadores venezuelanos. Esta descoberta gerou preocupação entre analistas e o público, dado que os exit polls são uma ferramenta crucial para prever resultados eleitorais e orientar tanto os meios de comunicação quanto os eleitores.
O mais alarmante é que os dados de boca de urna publicados surgiram em um momento crítico para as eleições, gerando assim falsas expectativas e desinformação entre os eleitores. Especialistas em tecnologia e análise web corroboraram que a página da Lewis and Thompson foi efetivamente criada apenas 18 dias antes da distribuição deste controverso exit poll.
A propósito da circulação desses dados falsos, Edmundo González fez uma publicação em que assegurou que tais dados “são violatórios da lei”.
“Somos respeitosos das normas e esperamos com muita tranquilidade os resultados. Confiamos que todos façam o mesmo”, sentenciou.
A integridade das firmas de análise eleitoral é fundamental para a transparência democrática. Ao divulgar informações não verificadas, a Lewis and Thompson colocou em risco a confiança pública nos processos eleitorais. A manipulação de dados e a criação de entidades falsas minam a confiança dos eleitores nas instituições.
A comunidade de analistas eleitorais e meios de comunicação está pedindo uma maior vigilância e verificação de fontes para evitar que incidentes como este voltem a ocorrer. A criação de domínios web e contas em redes sociais de forma tão recente e com tão poucos seguidores deveria levantar bandeiras vermelhas em futuras verificações.
Os antecedentes desta firma falsa se limitam a um contexto muito recente no ciberespaço, o que sugere uma intenção direcionada a influenciar um evento específico, neste caso, as eleições. O uso da internet para a fabricação de entidades fictícias é um problema crescente, e este caso é um exemplo claro de suas implicações potencialmente prejudiciais.
Finalmente, a revelação da Lewis and Thompson como uma entidade fictícia destaca a necessidade de discernimento e verificação constante por parte dos usuários e profissionais do campo eleitoral. A confiança nas informações recebidas em contextos tão cruciais como as eleições deve ser inquebrantável e assegurada por meio de fontes verificadas e autênticas.