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Boris Johnson foi reconduzido ao cargo de primeiro-ministro do Reino Unido após uma ampla vitória do Partido Conservador nas eleições desta quinta-feira (12).
Antes do final da apuração, por volta das 8h30 (5h40 horas, em Brasília), seu partido já tinha a maioria com 364 assentos no Parlamento, enquanto seu principal adversário, o Partido Trabalhista, estava com 203. A essa altura, faltava apenas uma cadeira a ser preenchida, dos 650 postos.
Johnson também manteve seu assento no Parlamento por Uxbridge, subúrbio de Londres, com 25.351 votos.
Em seu discurso de agradecimento, ele disse que o governo conservador “recebeu um novo e poderoso mandato para realizar o Brexit – e não apenas para fazer o Brexit, mas para unir este país e levá-lo adiante”. Segundo Johnson, a eleição daria a ele a “chance de respeitar a vontade democrática do povo britânico, mudar este país para melhor e liberar o potencial de todo o povo”.
Nesta sexta-feira, Johnson irá ao Palácio de Buckingham, onde pedirá permissão à rainha para formar um novo governo.
Já o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, afirmou que não voltará a liderar seu partido em nenhuma eleição geral. Ele falou durante um discurso de agradecimento, depois de manter seu posto no Parlamento, ao ganhar a votação no distrito de Islington North, em Londres, com 34.603 votos, bem à frente do segundo colocado, o candidato do Partido Liberal Democrata, que teve 8.415 votos.
Corbyn acrescentou, entretanto, que pretende permanecer na liderança dos trabalhistas durante uma discussão sobre o futuro e que quer um “período de reflexão”. “E os Trabalhistas continuarão orgulhosos de seus valores. Eles são eternos”, disse.
Maioria
Com a maioria, os conservadores aumentaram significativamente seu poder, o que deve, inclusive, facilitar a aprovação do projeto de Johnson para o Brexit e garantir que o Reino Unido deixe a União Europeia em 31 de janeiro de 2020.
Para obter a maioria, um partido precisa de 326 assentos. Antes de ser dissolvido no dia 6 de novembro, o Parlamento tinha 298 conservadores e 243 trabalhistas.
O resultado foi considerado devastador para o Partido Trabalhista (leia mais abaixo), que perdeu em uma série de locais historicamente ligados aos trabalhistas e só manteve alguns assentos graças a vitórias bastante apertadas.
Por outro lado, o Partido Nacional Escocês (SNP) comemorou um número de cadeiras acima do previsto em pesquisas. Das 59 vagas disponíveis na Escócia, o SNP obtinha, até às 5 horas locais, 48 vagas, superando as 20 que ocupava antes destas eleições.
O bom desempenho do partido da primeira-ministra Nicola Sturgeon – que tem entre suas propostas a realização de um novo plebiscito para independência do país – custou inclusive a cadeira de Jo Swinson, líder do Partido Liberal Democrata.
“A Escócia enviou uma mensagem muito clara – não queremos um governo Boris Johnson, não queremos deixar a UE”, afirmou Sturgeon. “Os resultados no resto do Reino Unido são sombrios, mas sublinham a importância da Escócia ter uma escolha. Boris Johnson tem um mandato para tirar a Inglaterra da UE, mas ele deve aceitar que eu tenho um mandato para dar à Escócia uma escolha para um futuro alternativo”, acrescentou.
Eleições antecipadas
As eleições legislativas estavam previstas apenas para 2022, mas Johnson decidiu antecipá-las após perder a maioria no Parlamento em setembro, com a rebelião de 21 deputados de seu partido. Inicialmente seu pedido foi rejeitado por três vezes, até que, finalmente, no dia 29 de outubro, os parlamentares concordaram em realizar o pleito em 12 de dezembro.
Johnson se tornou primeiro-ministro em julho, sem ganhar uma eleição, após Theresa May renunciar ao cargo, por não conseguir aprovar seu acordo para o Brexit após três tentativas.
Quatro décadas
Estes resultados foram os melhores para o Partido Conservador nas últimas quatro décadas. Anteriormente, as maiorias conservadoras mais amplas recentes tinham sido conquistadas nas eleições de Margaret Thatcher em 1983 (397 assentos) e 1987 (376).
Já para o Partido Trabalhista, os números foram os piores desde a década de 1930.
Esta poderia ainda ser a primeira vez desde 1935 que os trabalhistas atingiriam menos de 200 assentos no Parlamento britânico. Naquele ano, o partido conseguiu apenas 154.
O fraco desempenho do partido suscitou um debate sobre a permanência de Jeremy Corbyn em sua liderança, com trabalhistas divididos sobre a culpa direta dele sobre o resultado nas eleições.
Brexit
Com a ampla maioria conquistada por seu partido nestas eleições, Johnson fica em uma posição muito mais confortável para conseguir promover a saída do Reino Unido da União Europeia em 31 de janeiro de 2020, como sempre prometeu.
Seu projeto não deverá enfrentar mais as mesmas dificuldades de antes para obter aprovação perante um Parlamento predominantemente conservador e a tendência é que avance rapidamente.
Mas a saída no dia 31 de janeiro, porém, caso aconteça, será apenas o primeiro passo oficial do Brexit.
Ainda é necessário negociar um acordo comercial com a União Europeia, e o prazo final para isso é 30 de junho de 2020.
A partir daí, dois cenários são possíveis: com um acordo fechado, ele precisa ser ratificado, um processo que pode levar meses, mas garante uma saída organizada. Sem o acordo, pode ter início a extensão de um período de transição que duraria até dois anos – algo que Johnson já descartou – ou uma saída sem acordo.
Por G1