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Os taiwaneses começaram a votar neste sábado (12) para eleger um novo presidente, que terá o desafio de manter o rumo da democracia face às crescentes ameaças da China de acabar com a autonomia da ilha.
Na véspera da votação, a China instou os taiwaneses a tomarem “a decisão certa” se quiserem evitar a guerra e descreveu o atual vice-presidente favorito da ilha, Lai Ching-te, como um perigoso “separatista”.
As quase 18 mil mesas de voto espalhadas por este território de 23 milhões de habitantes abriram às 8h00, hora local, e encerrarão às 16h00 para estas eleições de turno único.
À noite deverão ser conhecidos os resultados, que serão acompanhados de perto pela China e pelos Estados Unidos, principal apoiante e fornecedor de armas da ilha.
“É bom que todos possam votar e exercer o seu direito de cidadão”, disse Eve, uma eleitora de 27 anos, à agência de notícias AFP.
Três homens aspiram a ser o sucessor do Presidente Tsai Ing-wen, cujo mandato iniciado em 2016 tem sido marcado pela crescente pressão diplomática, económica e militar de Pequim.
Além de Lai, do Partido Democrático Progressista (DPP), no poder, o ex-policial Hou Yu-ih do Kuomintang (KMT), defensor da manutenção do status quo com a China, e Ko Wen-je, líder do pequeno Partido Popular de Taiwan (PPT), estão concorrendo.
Taiwan e a China continental estão de facto separadas desde 1949, quando as tropas comunistas de Mao Zedong derrotaram as forças nacionalistas, que se refugiaram na ilha e impuseram uma autocracia que se transformou em democracia na década de 1990.
A China nunca deixou de proclamar a sua intenção de “reunir” o país, pela força, se necessário. Na mesma sexta-feira, o seu exército prometeu “esmagar” qualquer tentativa de “independência” de Taiwan, localizada a apenas 180 km da sua costa.
Os resultados serão monitorados de perto pela China e por Washington – o principal aliado e fornecedor de armas da ilha.
Vitória, mas sem maioria?
A animada campanha eleitoral terminou na sexta-feira com comícios dos três partidos em Taipei, que reuniram centenas de milhares de pessoas.
“Depois de ser eleito presidente, continuarei no caminho da democracia e da paz”, prometeu Lai, cujo partido DPP considera esta ilha um estado independente de facto.
O seu principal adversário, Hou Yu-ih, do Kuomintang, censura Tsai e Lai por estas posições soberanas que vão contra a China e defende laços mais estreitos com Pequim.
Diante desses dois partidos que alternaram o poder desde o início da democracia taiwanesa, o pequeno PPT abriu caminho como uma “terceira via”.
Além de escolher um presidente, os taiwaneses devem renovar o seu Parlamento.
A rigorosa lei eleitoral de Taiwan impede a publicação de sondagens nos dez dias anteriores às eleições e também proíbe os meios de comunicação de perguntar aos eleitores qual o boletim de voto que escolheram.
Analistas sugerem que Lai, de 64 anos, vencerá as eleições presidenciais, mas que o seu partido poderá perder a maioria na Câmara de 113 assentos.
“Espero que a próxima administração se saia tão bem como a actual”, disse um reformado de apelido Liu, de 70 anos, na mesma assembleia de voto onde o presidente cessante, Tsai, votará na cidade de Nova Taipei.
Território estratégico
A ilha é fundamental para a economia mundial, tanto pela sua posição estratégica entre o Mar da China Meridional e o Oceano Pacífico como pela sua indústria líder de semicondutores, componentes essenciais na fabricação de telefones, automóveis ou mísseis.
Nos últimos anos, a China aumentou a pressão militar sobre o território, lançando periodicamente manobras de grande escala que suscitaram receios de uma eventual invasão.
Também intensificou a sua campanha diplomática para isolar Taiwan, agora oficialmente reconhecida por 13 estados, depois de países como Honduras e Nicarágua terem rompido relações com Taipei para estabelecê-las com Pequim.
O estatuto de Taiwan é uma das questões mais espinhosas na rivalidade entre a China e os Estados Unidos, que competem pela influência nesta região estratégica.
Washington exortou Pequim a não interferir na votação e a abster-se de exercer “novas pressões militares ou ações coercitivas” após os resultados.
Com informações AFP