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O avanço tecnológico da era digital tem desafiado a capacidade humana de discernir entre o real e o falso, levantando preocupações sobre a autenticidade e veracidade das informações em meio à comunicação contemporânea.
O ditado popular “uma imagem vale mais que mil palavras” perdeu parte de sua essência na era da Inteligência Artificial (IA). Avanços exponenciais na geração de imagens sintéticas ultrarrealistas, tanto em foto quanto em vídeo, têm sido observados nos últimos meses. O que antes era uma habilidade limitada desses sistemas de aprendizado de máquina, agora resulta em criações facilmente confundidas com imagens reais. Este cenário inaugura uma nova era na qual a verdade e os fatos se tornam ainda mais questionáveis.
À medida que a IA avança, criando conteúdos cada vez mais sofisticados e indistinguíveis da realidade, nossa interação com a informação é profundamente transformada. A dificuldade em distinguir entre o real e o falso desafia as noções tradicionais de autenticidade e veracidade, levando a questionamentos sobre a origem e confiabilidade de qualquer informação que nos é apresentada.
Num contexto onde a linha entre verdade e mentira se torna tênue, surge o risco de um ceticismo generalizado. Por um lado, a desconfiança em relação ao conteúdo digital pode fomentar um olhar mais crítico e questionador, incentivando a verificação das fontes de informação. Por outro lado, esse ceticismo pode evoluir para uma descrença total, resultando em uma constante incerteza capaz de paralisar a comunicação. Episódios históricos de manipulação de imagens, como os casos durante o regime de Stalin e a ditadura militar no Brasil, destacam o poder das imagens na moldagem da realidade. Esses eventos evidenciam a importância do questionamento crítico e da transparência na produção e divulgação de imagens.
O fenômeno dos deepfakes, imagens ou vídeos criados ou alterados com o auxílio da IA para disseminar desinformação, representa uma preocupação significativa. Casos recentes, como a manipulação de imagens do candidato à presidência dos EUA, Donald Trump, e a controvérsia em torno de uma fotografia da princesa Kate Middleton, destacam os riscos associados à produção e disseminação desse tipo de conteúdo. A transformação digital tem gerado mudanças significativas no consumo e produção de mídia. O domínio das redes sociais como principais fontes de informação tem impactado a indústria da comunicação, que enfrenta uma crise sem precedentes. A migração das verbas publicitárias para as gigantes da tecnologia, como Google e Meta, tem agravado a situação financeira de veículos tradicionais, resultando em demissões em massa e comprometendo a qualidade do conteúdo produzido.
A dificuldade em discernir entre conteúdos gerados por humanos e por IA ressalta a importância de uma abordagem seletiva na busca por informações. O estímulo ao ceticismo saudável e a valorização da literacia mediática são essenciais para capacitar os indivíduos a avaliarem criticamente as informações que consomem. Tecnologias como o blockchain surgem como aliadas na busca pela autenticidade do conteúdo, oferecendo soluções para verificar a origem e propriedade intelectual das obras. A educação midiática se apresenta como uma ferramenta fundamental para enfrentar os desafios impostos pela era digital, capacitando os indivíduos a tomarem decisões informadas e contribuírem para um ambiente de comunicação mais transparente e responsável.
Em última análise, o desafio de distinguir o real do fabricado testa a resiliência coletiva frente à desinformação, podendo conduzir a uma busca pela verdade e valorização de fontes confiáveis ou a um estado constante de dúvida e descrença. Cabe à sociedade fazer as escolhas que moldarão o futuro da informação e da comunicação
*Mit Technology Review