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O número de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) no Brasil cresceu 52% na última década, passando de 47.846 em 2014 para 73.160 em 2024. A maior alta ocorreu entre 2021 e 2022, durante a pandemia de Covid-19.
Os dados fazem parte do estudo A Medicina Intensiva no Brasil: perfil dos profissionais e dos serviços de saúde, divulgado nesta terça-feira (19) pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib).
Em nota, a Amib destacou que, embora o aumento no número de leitos seja significativo, a distribuição continua sendo “gravemente desigual” tanto em termos territoriais quanto sociais. A associação ressaltou que uma análise crítica do estudo aponta a necessidade urgente de políticas públicas que promovam uma distribuição mais equitativa da infraestrutura hospitalar e dos profissionais intensivistas no país.
A disparidade começa na comparação entre os leitos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo sistema privado de saúde. Em 2024, 51,7% dos leitos de UTI, ou 37.820, são operados pelo SUS, enquanto os outros 48,3%, ou 35.340, pertencem à rede privada. A Amib observou que, apesar da proximidade numérica de leitos nas duas redes, a diferença na população atendida por cada uma evidencia um grande problema.
No SUS, que atende 152 milhões de pessoas, há 24,87 leitos de UTI a cada 100 mil habitantes, enquanto na rede privada, que atende 51 milhões de beneficiários de planos de saúde, a disponibilidade é de 69,28 leitos a cada 100 mil beneficiários.
Além disso, a distribuição regional também apresenta desigualdades. O Norte do Brasil possui 27,52 leitos de UTI por 100 mil habitantes, enquanto o Sudeste tem 42,58. Em média, o país tem 36,06 leitos de UTI a cada 100 mil habitantes, mas 19 dos 27 estados estão abaixo desse número. A discrepância varia entre 20,95 leitos por 100 mil habitantes no Piauí e 76,68 no Distrito Federal.
O estudo ainda revela que, entre 2011 e 2023, o número total de médicos no Brasil cresceu 51%, enquanto o número de médicos especialistas em medicina intensiva aumentou 228%. Em 2023, o Brasil contabilizava 8.091 intensivistas, um aumento em relação aos 2.464 registrados em 2011.
A Amib observou que a maioria dos intensivistas tem mais de 10 anos de experiência, com 75% acumulando entre 10 e 39 anos de prática. A maioria dos médicos intensivistas é do sexo masculino (60%), e a faixa etária predominante é de 35 a 64 anos, com idade média de 52 anos. As mulheres, no entanto, são predominantes entre os médicos mais jovens, o que pode indicar uma tendência crescente de participação feminina na especialidade.
Apesar do crescimento do número de intensivistas no país, as regiões Norte e Nordeste ainda apresentam uma média inferior de especialistas por habitante, seguindo a tendência observada na distribuição de leitos de UTI. O Sudeste tem 6.239 intensivistas registrados, enquanto o Centro-Oeste conta com 899, e o Norte com apenas 348.
O Distrito Federal possui a maior densidade de intensivistas do país, com 14,06 especialistas para cada 100 mil habitantes, quase o dobro da densidade do Sudeste (7,35) e quase três vezes maior do que a do Mato Grosso do Sul (4,9), que tem uma base populacional semelhante. No extremo oposto, o Amapá conta com apenas cinco intensivistas, resultando em uma densidade praticamente nula de especialistas a cada 100 mil habitantes.
Nas capitais, a probabilidade de encontrar médicos intensivistas é significativamente maior. A densidade nas 27 capitais brasileiras (14,28) é cinco vezes maior do que a encontrada no restante dos municípios do país (2,84), concluiu a Amib.