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Pesquisa revela que neandertais mostraram cuidado e apoio à criança pequena. Um novo estudo publicado por uma equipe multidisciplinar internacional de pesquisadores, incluindo professores da Universidade de Binghamton, Universidade Estadual de Nova York, documenta o primeiro caso de síndrome de Down em neandertais e revela que eles foram capazes de fornecer cuidados altruístas e apoio a um membro vulnerável de seu grupo social. A pesquisa, liderada por antropólogos da Universidade de Alcalá e da Universidade de Valência, na Espanha, estudou os restos esqueléticos de uma criança neandertal, a quem chamaram carinhosamente de “Tina”, encontrada na Cova Negra, uma caverna em Valência, na Espanha, conhecida por render importantes descobertas neandertais.
“As escavações na Cova Negra foram fundamentais para compreender o modo de vida dos neandertais ao longo da costa mediterrânica da Península Ibérica e permitiram-nos definir as ocupações do povoamento: de curta duração temporal e com um pequeno número de indivíduos, alternando com a presença de carnívoros”, disse o professor de Pré-História da Universidade de Valência, Valentín Villaverde. Os pesquisadores fizeram microtomografia computadorizada de um pequeno fragmento craniano do osso temporal direito, contendo a região da orelha, para reconstruir um modelo tridimensional para medição e análise. Tina sofria de uma patologia congênita da orelha interna associada à síndrome de Down que produziu perda auditiva severa e vertigem incapacitante.
Esse indivíduo sobreviveu até pelo menos 6 anos de idade, mas teria necessitado de cuidados extensivos de outros membros de seu grupo social. “Este é um estudo fantástico, combinando escavações arqueológicas rigorosas, técnicas modernas de imagem médica e critérios de diagnóstico para documentar a síndrome de Down em um indivíduo de Neandertal pela primeira vez. Os resultados têm implicações significativas para nossa compreensão do comportamento neandertal”, disse o professor de antropologia da Universidade de Binghamton, Rolf Quam. Os pesquisadores sabem há décadas que os neandertais cuidavam de pessoas com deficiência.
No entanto, até o momento, todos os casos conhecidos de cuidado social entre neandertais envolveram indivíduos adultos, levando alguns cientistas a descartar isso como um comportamento verdadeiramente altruísta e, em vez disso, sugerir que provavelmente representava troca recíproca de ajuda entre iguais. “O que não se sabia até agora era qualquer caso de um indivíduo que tivesse recebido ajuda, mesmo que não pudesse devolver o favor, o que comprovaria a existência de verdadeiro altruísmo entre os neandertais. É precisamente isso que a descoberta de ‘Tina’ significa”, disse Mercedes Conde, professora da Universidade de Alcalá e principal autora do estudo. O estudo “A criança que viveu: síndrome de Down entre os neandertais?” foi publicado na Science Advances.