Rebaixados de cargos, punidos e afastados do ar após participarem de uma greve em Alagoas em junho, um grupo de jornalistas da Globo em Alagoas (TV Gazeta) tomaram uma decisão drástica: pedem a intervenção do Grupo Globo na emissora local.
Eles enviaram uma carta à direção de Jornalismo e do Grupo Globo no Rio e em São Paulo.
“Somente uma intervenção na diretoria administrativa e, sobretudo, de Jornalismo, é capaz de mudar os rumos dessa história que contamos hoje a você e, em seguida, ao público”, diz o documento enviado à rede da família Marinho.
Nele, os funcionários relatam que o chamado “padrão Globo” não existe mais em Alagoas, e que isso coloca em risco 30 anos de trabalho das equipes locais, bem como o nome da própria rede.
Collor é o dono
A “TV Gazeta” tem como principal acionista do senador Fernando Collor de Mello (PTC), investigado pela Lava-Jato e que teve pena de mais de 22 anos prisão pedida pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
O diretor-executivo da TV Gazeta, Luís Amorim, também já foi citado nas investigações no Paraná, como autor de um suposto empréstimo de R$ 1 milhão a Collor de Mello.
A emissora enfrenta grave crise econômica. Sua sede e outros imóveis estão sendo leiloados para pagamento de dívidas.
Cerca de 15 jornalistas veteranos foram demitidos assim que retornaram da greve iniciada em junho, e que atingiu quase todos os veículos de comunicação de Alagoas.
A greve começou porque a TV Gazeta queria reduzir salários em até 40% e cortar outros benefícios.
A Justiça, porém, determinou a reintegração imediata dos 15. Assim que voltaram passaram a ser hostilizados pela direção: quase todos foram afastados ou rebaixados de cargos.
Por UOL