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Esclarecedora e bastante sóbria a entrevista que o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, concedeu ao Estadão (publicada na edição de ontem).
O foco principal, como não poderia deixar de ser, a Amazônia: que, ao contrário do que parecem pensar muitos ecologistas de rede social, não é uma “floresta”, mas sim uma parte enorme do país, onde vivem 20 milhões de brasileiros – e que, em meio à legislações extremamente restritivas, que privilegiam a conservação da natureza, precisam encontrar maneiras de se sustentar.
Destaco alguns trechos.
Sobre a pobreza na região:
“Nós precisamos ter em mente que durante trinta anos o Brasil seguiu uma agenda ambiental que não soube conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação. A Amazônia é uma região muito rica em recursos naturais, em biodiversidade, mas com uma população muito pobre, um índice de desenvolvimento humano muito baixo. São mais de vinte milhões de brasileiros que vivem na Amazônia e a maioria vive muito mal: sem saúde, sem educação adequada, com índice de saneamento baixíssimo, com problemas enormes de desenvolvimento. Em alguns índices, a situação é pior que a do Nordeste. É por isso que temos de encontrar uma maneira inteligente de tratar a questão, que reconheça a importância da sustentabilidade, da conservação, do cuidado ambiental, mas dê dinamismo econômico em escala e em impacto suficiente para toda aquela população.”
Sobre Emmanuel Macron:
“O presidente Macron está querendo tirar dividendos políticos da situação sobretudo no momento em que suas próprias políticas ambientais não estão sendo bem-sucedidas, em especial no que se refere ao não cumprimento das metas de redução das emissões de carbono previstas no Acordo de Paris.”
Sobre o “pulmão do mundo” e a soberania do Brasil:
“A Amazônia não é pulmão do mundo. Isso já foi dito e reconhecido. A Amazônia tem o seu ciclo fechado. Ela emite o que ela mesma consome. Agora, ela tem um papel importante de regulação hidrológica, das chuvas, a história dos “rios voadores” que irrigam a agricultura no resto do Brasil. Tudo isso é verdade. Então, ela tem uma função importante para a questão climática aqui no Brasil. Ela é um patrimônio brasileiro. Essa história de que pertence à humanidade é uma bobagem. Nós temos soberania sobre a Amazônia. Somos nós que temos de escolher um modelo, que tem de ser viável economicamente, de proteção da nossa floresta. Somos nós que temos de escolher e somos nós que temos de implementar. Todo o cuidado com a Amazônia que inspira atenção do mundo inteiro é bem-vindo, mas a autonomia de fazer isso é da população brasileira.”
Sobre as ONGs:
“Como tudo na vida, tem gente boa e tem gente ruim. Tem boas ONGs e más ONGs. Tem bons ambientalistas e maus ambientalistas. Tem gente bem-intencionada e gente de má fé. O nosso papel é separar uma coisa da outra – e é difícil fazer esse trabalho. (…) Não temos nenhum compromisso com o erro, não somos donos da verdade. Se a gente tiver errado, arruma. Agora, há muitos projetos – não só na área ambiental – que foram criados por ONGs e grupos de interesse para tirar dinheiro do governo, sem entregar a política pública que eles dizem que fazem, o serviço que eles dizem que prestam e sem trazer o benefício para a sociedade que eles alardeiam. Está cheio de casos assim, nos ministérios da Saúde, de Direitos Humanos, do Meio Ambiente. O nosso maior desafio é separar o joio do trigo, manter e apoiar para valer as boas iniciativas e não ter medo de cortar o cordão umbilical, fechar a torneira, para aquilo que não presta.”
Link para a matéria: Essa história de que a Amazônia pertence à humanidade é bobagem