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Soldados distribuíram máscaras a índios ianomâmis descalços, entre eles guerreiros com pinturas, lanças, arcos e flechas, na quarta-feira, o segundo dia de uma operação das Forças Armadas para proteger povos isolados da Covid-19.
Os ianomâmis são o último grande povo isolado da Amazônia, onde dezenas de comunidades indígenas foram infectadas pela doença mais recente a chegar do mundo exterior para ameaçar sua existência.
“Está tudo sob controle. Nós não tivemos nenhuma detecção de casos aqui”, disse o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, um general aposentado do Exército, aos repórteres no posto de Surucucu, na fronteira com a Venezuela.
Azevedo disse que a morte de dois ianomâmis supostamente baleados por garimpeiros de ouro na vasta reserva foi um caso isolado que está sendo investigado pela Polícia Federal.
Uma corrida ao ouro que levou cerca de 20 mil garimpeiros a invadirem a maior reserva do Brasil contaminou rios e destruiu florestas, e os ianomâmis disseram que os garimpeiros também trouxeram o novo coronavírus.
Líderes indígenas apelaram ao Suprema Tribunal Federal (STF) na quarta-feira para que a corte ordene que o governo federal proteja povos isolados barrando forasteiros nas terras das reservas e expulsando caçadores ilegais, madeireiros e garimpeiros que supostamente trazem doenças fatais.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) pediu que os invasores sejam retirados —com o envio de forças militares, se necessário— das reservas dos povos ianomâmis, karipuna, uru-eu-uau-uau, caiapó, arariboia e mundurucu.
A Apib disse que 405 indígenas morreram de Covid-19 até o dia 27 de junho, e que 112 povos diferentes têm 9.983 infectados.
Em Surucucu, famílias ianomâmis ficaram assustadas inicialmente com a chegada de pessoal médico, suprimentos de equipamentos de proteção e remédios em helicópteros militares barulhentos.
Os homens se atrapalharam com as máscaras ao cobrir os rostos pintados com tinta vermelha extraída de cascas de árvores.
“A Saúde Indígena faz bem para a gente, ajuda a gente. Viemos aqui para pedir ajuda, para ver se estamos bem. Caminhamos quatro horas para chegar aqui”, disse um ancião ianomâmi através de uma grande máscara branca por meio de um intérprete.
Enfermeiras mediram temperaturas e fizeram exames rápidos de Covid-19.
“Quando a gente chega, eles ficam meio receosos, nos observam de longe e aí vamos ganhando a confiança e com isso todos vão se aproximando e acaba tudo ocorrendo bem”, disse Fernanda Ribeiro, tenente e médica da Força Aérea Brasileira. “Eles acabam gostando. Tem sido muito gratificante!”
Por: Reuters