Nesta sexta-feira (27), a Polícia Civil concluiu que quatro dos réus acusados de assassinar as dez pessoas de uma mesma família do Distrito Federal. Os envolvidos responderão por latrocínio, homicídio, extorsão mediante sequestro com resultado morte, ocultação de cadáver e corrupção de menores.
Segundo o delegado Ricardo Viana, da 6ª Delegacia de Polícia no Paranoá (DF), responsável pelas investigações da maior chacina em número de vítimas da história do Distrito Federal, a cabeleireira Elizamar da Silva e outros nove parentes foram assassinados porque os criminosos queriam se apropriar de uma chácara avaliada em 2 milhões de reais, na qual viviam Marcos Antônio Lopes de Oliveira, Renata Belchior e Gabriela Belchior. Eles eram sogro, sogra e cunhada da cabeleireira, respectivamente.
No terreno, viviam também Gideon Batista de Menezes, 55 anos, e Horácio Carlos, 49 — suspeitos de participar da chacina no DF.
Gideon Batista de Menezes, 55 anos; Horácio Carlos Ferreira Barbosa, 49; Fabrício Silva Canhedo, 34; e Carlomam dos Santos Nogueira, 26, planejavam tomar posse do terreno, vendê-lo e dividir entre si o dinheiro obtido.
Para a prática do crime, o grupo contratou Carlos Henrique Alves da Silva, 27, conhecido como Galego, e um adolescente, de 17 anos.
Gideon e Horácio Carlos disseram aos investigadores que eram funcionários do mecânico Marcos Antônio Lopes de Oliveira, 54, e que queriam vender a chácara em seguida. O plano seria matar toda a família para tomar posse da chácara.
Os criminosos começaram a planejar a chacina em outubro. No dia 23 daquele mês, alugaram o cativeiro onde manteriam as vítimas.
Segundo o delegado, a execução da família começou ainda na chácara da família, quando Marcos tentou reagir ao suposto assalto e foi baleado na nuca. Já ferido, ele foi levado junto com a mulher, Renata Juliene Belchior, e a filha do casal, Gabriela Belchior de Oliveira, para um cativeiro em Planaltina, também no Distrito Federal.
No local, ainda no dia 28, a vítima foi esquartejada viva, ainda segundo depoimento dos assassinos à polícia. Apesar de o plano ter se desenrolado por mais de duas semanas, a chacina começou a vir a tona apenas em 13 de janeiro, quando o desaparecimento da nora de Marcos, Elizamar da Silva, foi reportado por parentes.
Além de forçar as vítimas a fornecer dados pessoais, incluindo contas bancárias e números e senhas de cartões de crédito, os réus são acusados de se apropriar de parte dos R$ 200 mil que a ex-esposa de Marcos Antônio, Cláudia Regina, recebeu pela venda de uma casa.
As nove vítimas sequestradas foram assassinadas. Seus corpos foram encontrados dias depois, em diferentes pontos do Distrito Federal – alguns, carbonizados, estavam em dois carros incendiados. Já o corpo de Marco Antônio foi encontrado esquartejado, no terreno da casa que serviu de cativeiro.
Um quinto homem, Carlos Henrique Alves da Silva, o Galego, é suspeito de ter participado destas mortes. Já o adolescente que participou da fase inicial do crime, durante a qual Marcos Antônio foi morto com um tiro na nuca, deixou o local e abandonou os demais criminosos – segundo ele disse aos investigadores, por julgar a ação do grupo violenta demais.
Os quatro principais réus no caso (Carlomam, Fabrício, Gideon e Horácio) responderão pelos crimes de homicídio qualificado; latrocínio (roubo que resulta em morte); ocultação de cadáver; extorsão mediante sequestro; associação criminosa qualificada e corrupção de menor.