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Entrevista: Jornalista judia atacada por palestinos em Berlim fala sobre cenário da guerra entre Israel e Hamas

Desde os ataques de 7 de outubro, muitas pessoas têm se questionado se retrocedemos no tempo. O atentado brutal promovido pelos terroristas do Hamas em Israel e a absurda perseguição aos judeus que se espalhou pelo mundo desde então nos transportam ao cenário sombrio da Segunda Guerra Mundial. Teria a humanidade evitado o Holocausto caso acontecesse nos dias de hoje? Agora, posso compreender que, muito provavelmente, não.

Além das cenas inimagináveis que testemunhamos no dia do ataque do Hamas, estamos observando o aumento exponencial do antissemitismo em várias partes do mundo. Isso ocorre com a tolerância implícita de grandes organizações, da mídia em geral e de potências globais. E, claro, o Brasil, amaldiçoado pelo lulismo, não está fora dessa lista negra. Quem poderia prever que em 2023 testemunharíamos, mais uma vez, casas de judeus sendo marcadas? Quem poderia conceber a ideia de que uma multidão de agressores muçulmanos invadiria a pista de um aeroporto tentando atacar judeus que estavam chegando de Israel? E a ocorrência de atos tão horrendos como o estupro de mulheres judias, tanto antes como depois de suas vidas serem tiradas?

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Nada disso era imaginável, assim como o assassinato de milhões de judeus no passado, mas está acontecendo agora, bem diante dos nossos olhos. Toda a brutalidade desta guerra moderna está acessível a qualquer pessoa que deseje encontrar vídeos e relatos sobre o conflito na internet.

“Todo país que não classifica o Hamas como uma organização terrorista e permite suas atividades está, em última análise, apoiando o terrorismo.”

Repórter Antonia Yamin, chefe de reportagem da Bild e comentarista da TV israelense N12News.

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A repórter alemã Antonia Yamin, chefe de reportagem do jornal alemão Bild e comentarista da emissora israelense N12 News, colaborou comigo na compreensão do terror experimentado pelos judeus em uma entrevista exclusiva à Gazeta Brasil. A jornalista, que foi vítima de agressões por parte de muçulmanos em duas ocasiões, documentou casas de judeus marcadas com a estrela de Davi em Berlim, na Alemanha e me conta que palestinos saíram às ruas para distribuir doces em comemoração aos assassinatos de judeus no dia 7/10.

Repórter Antonia Yamin durante transmissão do canal Bild. Photo: reprodução do site da Bild.

Fernanda Salles: Os israelenses já imaginaram algo tão brutal como o ataque terrorista ocorrido em 7 de outubro?

Antonia Yamin: Não. O massacre de 7 de outubro foi o evento mais horrível que o povo judeu enfrentou desde o Holocausto. Israel sempre soube que o Hamas era uma organização terrorista sem consideração pela vida dos inocentes. No entanto, nunca pensamos que testemunharíamos tais atrocidades: eles estupraram mulheres e meninas a ponto de quebrar seus quadris, queimaram bebês vivos, massacraram famílias inteiras e desmembraram jovens que estavam apenas celebrando em uma festa. O que é ainda mais terrível é que eles levaram 229 prisioneiros para Gaza, incluindo 30 crianças, o mais jovem deles um bebê de 9 meses. Que tipo de monstro faz isso?! Três semanas depois e o coração de Israel ainda está partido. Ninguém em Israel jamais esquecerá o 7 de outubro; é um evento após o qual nada será igual.

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Fernanda Salles: Como foi a reação ao ataque terrorista na Alemanha?

Antonia Yamin: Em contraste com incidentes anteriores, a Alemanha se posicionou rapidamente ao lado de Israel desta vez. O Chanceler Olaf Scholz visitou Israel, assim como a Ministra das Relações Exteriores Annalena Baerbock, e a maioria das lideranças políticas expressou apoio a Israel e condenação ao terrorismo do Hamas. A extensão desse apoio e como ele se mantém diante das imagens difíceis de Gaza ainda está por ser vista.

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Fernanda Salles: Como jornalista, o que você acha de alguns veículos de comunicação evitarem chamar o Hamas de grupo terrorista, mesmo diante das atrocidades que eles cometem em Israel? Você ouviu falar do protesto contra a BBC News em Londres? A emissora usou eufemismos para se referir ao Hamas, chamando-os de militantes ou grupo islâmico.

Antonia Yamin: A BBC se tornou motivo de piada global com a forma como cobre a guerra em Israel. Não está claro para mim como um canal britânico financiado pelo público, comprometido com a objetividade, se recusa a chamar o Hamas de terrorista quando o governo do Reino Unido e até a monarquia britânica rotulam o Hamas como uma organização terrorista. O fato de haver canais internacionais rápidos em relatar que Israel bombardeou o hospital em Gaza sem tirar um momento para verificar as informações destaca o quão profundamente a narrativa do Hamas está enraizada em alguns veículos de comunicação internacionais.

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“Palestinos distribuíram doces [em comemoração] porque o Hamas matou 1.400 judeus em Israel”.

Fernanda Salles: Você tem familiares ou amigos em Israel agora? Se sim, como eles estão?

Antonia Yamin: Claro. Minha irmã mais nova mora em Israel, e estou muito preocupada com ela. Os vídeos que vieram do dia 7 de outubro causaram um trauma significativo para todos nós, e nos primeiros dias, percebi como isso a afetou psicologicamente. A maioria dos israelenses viu as imagens não censuradas, e essas são imagens que você não consegue esquecer. Não ajuda o fato de que minha irmã passou várias horas por dia em um abrigo há 22 dias, porque o Hamas continua lançando foguetes em Israel. É importante entender que não há um único israelense hoje que não conheça alguém que foi morto ou sequestrado no ataque de 7 de outubro. É um trauma nacional, e quando esta guerra terminar, haverá 10 milhões de israelenses sofrendo de algum tipo de transtorno de estresse pós-traumático. Alguns dos meus amigos foram convocados para o serviço de reserva, e alguns estão atualmente em Gaza. Quando o mundo se refere a eles como “soldados”, eles esquecem que para nós, eles são nossos maridos, pais, irmãos e filhos. Os reservistas que foram convocados são homens que deixaram o exército há muito tempo, e eles deixaram suas famílias e filhos para defender seu país porque perceberam depois de 7 de outubro que ninguém mais assumirá essa missão.

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Jornalista foi atacada por muçulmanos enquanto cobria manifestações em Berlim

Palestinos jogam bomba ao lado de Antonia Yamin durante uma transmissão para TV israelense.

Fernanda Salles: Você foi atacada enquanto cobria uma manifestação pró-Palestina em Berlim em 2021. Pode nos contar sobre esse incidente? Eles ouviram você falar hebraico?

Antonia Yamin: Na verdade, fui atacada duas vezes. A primeira vez foi em 2018, e a segunda em 2021. Em ambos os casos, aconteceu em Neukölln, um bairro de Berlim associado a uma grande população palestina e considerado por muitos judeus como uma “zona proibida”. Andar pela rua principal do bairro, Sonnenallee, pode fazer alguém se sentir como se estivesse em Gaza, em vez da Alemanha, devido às inúmeras placas em árabe. Este é também o bairro de onde os residentes palestinos de Berlim saíram para celebrar em 7 de outubro. Eles saíram e distribuíram doces porque o Hamas matou 1.400 judeus em Israel.

Normalmente, não costumo visitar essa área para diversão pessoal. Quando vou lá, geralmente é para cobertura jornalística. Em 2018, estava filmando uma reportagem sobre uma drag queen israelense que se apresentou junto com uma dançarina de dança do ventre síria. Após o evento, saí com um sentimento tão positivo de que a convivência era possível em Berlim. No entanto, enquanto saía do evento, meu editor me pediu para abrir minha câmera e relatar outro evento. Eu relatei em hebraico, e quatro adolescentes árabes que perceberam que eu estava falando hebraico jogaram fogos de artifício em mim. Em 2021, eu estava fazendo uma reportagem no coração de uma manifestação pró-palestina. Eu sabia que era arriscado e tinha seguranças comigo, mas também desta vez tive que falar hebraico ao vivo na TV. Em resposta, alguns manifestantes lançaram fogos de artifício, que caíram perigosamente perto de mim. Esse incidente ocorreu apenas três meses depois de eu dar à luz e foi a primeira vez que percebi que tenho que ser mais cuidadosa.

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Muçulmano confronta a polícia em uma manifestação em apoio ao Hamas em Neukoelln, em Berlim, 2023. (Foto de Sean Gallup/Getty Images)

Fernanda Salles: Antonia, você relatou casos de residências judaicas sendo marcadas na capital alemã após o início da guerra contra o Hamas, lembrando um cenário da Segunda Guerra Mundial. Como judia, isso a deixa apreensiva? Você sente que os casos de antissemitismo aumentaram significativamente na Europa nos últimos dias?

Antonia Yamin: O que está acontecendo na Europa em geral, e na Alemanha em particular, nos dias de hoje, lembra tempos sombrios. Marcar casas judias com grafites da Estrela de Davi parece um evento de 1933, mas, infelizmente, está acontecendo em 2023. Muitos judeus na Alemanha têm medo de falar hebraico nas ruas. Alguns pais hesitam em enviar seus filhos para escolas e jardins de infância judaicos, e os proprietários de negócios israelenses na Alemanha estão preocupados com possíveis ameaças. Incidentes antissemitas na Europa aumentaram inegavelmente. Não é apenas uma questão de percepção; as estatísticas mostram que o número de eventos antissemitas aumentou centenas de pontos percentuais na Europa nos últimos dias.

Prédio de residentes judeus marcada com estrela de Davi em Berlim, na Alemanha.

Fernanda Salles: O que você acha da decisão do Brasil, liderado pelo socialista Lula da Silva, em não classificar o Hamas como um grupo terrorista?

Antonia Yamin: Todo país que não classifica o Hamas como uma organização terrorista e permite suas atividades está, em última análise, apoiando o terrorismo. Não há como amenizar essa realidade.

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Fernanda Salles: Por que você acha que a esquerda está, no geral, apoiando os terroristas do Hamas contra Israel?

Antonia Yamin: O antissemitismo é um fenômeno que existe há milhares de anos, e, é claro, também há o antissemitismo de esquerda. Os radicais de esquerda há muito tempo se alinham com o lado palestino porque o percebem como o lado mais fraco e oprimido. O que me preocupa é que esses esquerdistas não condenaram o 7 de outubro, mas expressaram rapidamente sua condenação assim que Israel iniciou sua ofensiva em Gaza.

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Fernanda Salles: Você acredita que a ONU, que também não classifica o Hamas como uma organização terrorista, desempenhará um papel positivo nesta guerra?

Antonia Yamin: Absolutamente não. A ONU é uma organização que tem um histórico de viés contra Israel e frequentemente opera com falta de imparcialidade e justiça.

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Fernanda Salles: Você planeja retornar a Israel em algum momento durante ou após o conflito?

Antonia Yamin: Atualmente, estou trabalhando em um grande projeto que precisa estar pronto até meados de novembro. Depois disso, é muito possível que eu vá cobrir a guerra a partir de Israel, embora sinta que minha voz tenha um significado importante na Alemanha neste momento.

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Fernanda Salles: Podemos esperar uma incursão terrestre em Gaza nos próximos dias? Você acha possível eliminar o Hamas sem entrar no território inimigo?

Antonia Yamin: A operação terrestre já começou e é esperado que se intensifique. Infelizmente, não há como derrotar o Hamas militarmente sem uma incursão terrestre, e não tenho certeza se mesmo uma operação terrestre levará à sua derrota. Nos últimos 15 anos, o Hamas construiu túneis que se estendem por centenas de quilômetros sob Gaza, se fortaleceu e estabeleceu bases econômicas, tudo isso enquanto submete sua população à fome e à pobreza. Recentemente, as Forças Armadas israelenses revelaram que os quartéis-generais do Hamas para a guerra estão localizados em túneis sob o maior hospital de Gaza. Os terroristas estão usando seu próprio povo como escudos humanos. Será muito difícil derrotar o Hamas, mas Israel não tem outra escolha.

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Fernanda Salles: Gostaria de expressar minha solidariedade ao povo judeu neste momento e dizer que a postura vergonhosa e condenável do governo brasileiro diante da luta de Israel contra o terrorismo não reflete as opiniões de nosso povo, que em grande parte está com Israel.

Antonia Yamin: Muito obrigada! Isso significa muito!

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