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Na manhã desta segunda-feira (9/4), o Ministério Público de São Paulo conduziu uma operação contra empresas de ônibus da capital, alegadamente associadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Foram executados quatro mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão. As empresas em questão são a Transwolff e a UpBus.
Até o momento, dois mandados foram executados, um deles contra Luiz Carlos Efigênio Pandolfi, conhecido como Pandora, proprietário da Transwolff, e outro contra Robson Flares Lopes Pontes, um dirigente da empresa localizada na zona sul.
A Justiça de São Paulo também ordenou que a SPTrans, uma estatal de transporte coletivo da capital, assuma imediatamente a operação das linhas administradas pelas empresas Transwolff, que atua na zona sul, e da UpBus, que administra linhas na zona leste.
As duas empresas de ônibus em questão transportam diariamente cerca de 700 mil passageiros e receberam mais de R$ 800 milhões de remuneração da Prefeitura de São Paulo em 2023.
Segundo as investigações do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado, as empresas eram supostamente utilizadas pela facção para lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas.
Até 2022, pelo menos quatro empresas de ônibus que operam nas zonas leste e sul da capital estavam sob investigação do MPSP e da Polícia Civil de São Paulo por suspeitas de envolvimento com o PCC.
Duas delas, a Transunião e a UpBus, que operam na zona leste, foram alvo de operações conduzidas pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil.
Dirigentes dessas companhias foram presos sob acusação de atuarem para a facção e de envolvimento em assassinatos relacionados à disputa pelo controle das empresas.
No caso da Transunião, segundo o Deic, a diretoria é investigada por suspeita de participar da lavagem de dinheiro de familiares de Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, irmão de Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, apontado como líder máximo do PCC. Eles negam qualquer envolvimento com o crime organizado.
Já a UpBus, que teve R$ 40 milhões em bens bloqueados pela Justiça em 2022 durante uma operação do Denarc, tinha entre seus acionistas membros do alto escalão do PCC, como Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, considerado um dos maiores fornecedores de drogas e armas da facção. Ele foi assassinado em 2021.
A questão da infiltração do PCC em empresas de ônibus voltou ao foco no mês passado com o assassinato de Luiz dos Santos Rocha, conhecido como Luiz Conta Dinheiro, apontado pela polícia como tesoureiro da facção.
Rocha era funcionário da Imperial, que nos últimos anos foi assumida pela Transunião, e foi morto com tiros de fuzil na porta de sua casa em Atibaia, interior paulista, quando estava em uma saída temporária da prisão, conhecida como saidinha.
O assassinato de Luiz Conta Dinheiro ocorreu durante um racha na cúpula do PCC, supostamente devido ao desvio de R$ 5 milhões da facção, que teriam sido lavados na empresa de ônibus que opera na zona leste.