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Conversas contidas nos documentos da Operação Spoofing, obtidos por meio de um ataque hacker, revelam que Bruno Brandão, diretor da ONG Transparência Internacional (TI) Brasil, discutiu em 2017 com o ex-procurador Deltan Dallagnol a possibilidade de uma doação à instituição, parte da qual seria destinada à campanha “10 Medidas contra a Corrupção”.
Nas mensagens do grupo de Telegram “10M+ a vingança”, Brandão, Dallagnol e Michael Mohallem, então professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), debateram detalhes sobre financiamentos ao projeto, que Dallagnol usou como plataforma eleitoral nas eleições de 2022 para deputado federal pelo Podemos no Paraná.
O grupo discutiu a utilização de recursos da Embaixada da Noruega e da Fundação Omidyar. Em mensagens de 2 de março de 2017, Brandão mencionou a possibilidade de usar esses recursos para custear a preparação das “10 Medidas”. Dallagnol respondeu: “Manda ver Bruno”.
Um mês antes, Brandão havia sugerido o uso de recursos do “caixa geral” da ONG para apoiar as “10M+”. Mohallem não via problema em divulgar os nomes dos apoiadores, mas Brandão preferia que os recursos não fossem diretamente vinculados ao projeto.
O código de ética da ONG proíbe ações que visem a concessão de valores ou vantagens indevidas a funcionários públicos, agentes ou candidatos políticos.
As conversas também indicam que a TI Brasil possivelmente custeou pelo menos 10 passagens aéreas de Dallagnol para reuniões do grupo. Em março de 2017, Dallagnol disse ter perdido o prazo para pedir passagens pelo MPF, e Brandão ofereceu ajuda para emitir as passagens através da Transparência Internacional.
Sobre os citados, Dallagnol afirmou que na época não existia mais a campanha das “10 Medidas contra a Corrupção” e que não pediu à Transparência Internacional que bancasse viagens relacionadas às “Novas Medidas”. A Embaixada da Noruega confirmou doação de R$ 780 mil à Transparência Internacional em 2017. A Transparência Internacional declarou que todas as doações foram auditadas e publicadas no site da instituição.
Outras mensagens mostraram que Dallagnol pediu sigilo a Brandão ao solicitar que a TI Brasil pagasse hospedagem e alimentação de promotores venezuelanos no Brasil.
Além disso, em um diálogo de agosto de 2017, o então juiz federal Sergio Moro sugeriu a Dallagnol que tornasse pública a delação da Odebrecht sobre propinas na Venezuela. A ideia foi considerada, mas preocupações sobre possíveis consequências negativas para a sociedade venezuelana e para brasileiros na Venezuela foram levantadas pelos integrantes da força-tarefa da Lava Jato.