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Apenas 6,9% das áreas urbanas nas cidades brasileiras são cobertas por vegetação, o que corresponde a 283,7 mil hectares, metade da extensão territorial do Distrito Federal. Esses dados são de um estudo divulgado pelo MapBiomas, uma rede ambiental que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia.
Julio Pedrassoli, coordenador da Equipe Urbano do MapBiomas, afirma que essa proporção de vegetação nas áreas urbanas do Brasil é insuficiente. Ele menciona a recomendação da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, que sugere 15 metros quadrados (m²) de área verde por habitante. De acordo com os dados do MapBiomas, a média atual é de apenas 13m² por habitante.
Estudos indicam que áreas urbanas com menos de 30% de cobertura vegetal experimentam um aumento nas temperaturas locais. Os dados foram obtidos por meio da análise de imagens de satélites, identificando manchas de vegetação com pelo menos 1 mil m², incluindo rasteiras, trepadeiras e árvores de diferentes portes, em áreas urbanas no ano de 2022.
Essas vegetações estão localizadas em parques, praças, unidades de conservação, Áreas de Preservação Permanente (APP), jardins, cemitérios, campos esportivos, hortas, calçadas e canteiros, telhados e paredes verdes, além de áreas abandonadas. A delimitação das áreas urbanas foi feita com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento do MapBiomas revela que 61,5% da vegetação urbana no Brasil está no bioma Mata Atlântica, seguido pelo Cerrado (22%), Amazônia (6,6%), Caatinga (5,7%), Pampa (4%) e Pantanal (0,2%). As praças e parques estão presentes em 88% dos municípios brasileiros, sendo 55% em áreas de Mata Atlântica.
O Rio de Janeiro é o estado com maior proporção de área urbana coberta por vegetação (13,1%), seguido pelo Distrito Federal (10,1%) e São Paulo (7,8%). Os estados do Norte têm os piores índices: Amapá (2,6%), Roraima (3%) e Rondônia (3,1%).
As três cidades brasileiras com maior proporção de vegetação em área urbana estão no Rio de Janeiro: Mesquita (65,99%), Nilópolis (48,38%) e Nova Iguaçu (35,68%), todas abrangidas pelo Parque do Mendanha, coberto por Mata Atlântica. Em termos absolutos, a cidade do Rio de Janeiro possui 12,3 mil hectares de Mata Atlântica, sendo a maior área urbana com esse bioma.
Entre os dez municípios com maior cobertura verde em áreas urbanas, sete estão no Sudeste. As menores coberturas estão em Lizarda, no Tocantins, e Jerônimo Monteiro, no Espírito Santo, com apenas 1,002%.
Somente nove municípios possuem mais de 1 mil hectares de praças e parques, o equivalente a 1,4 mil campos de futebol. Brasília lidera o ranking, seguida por São Paulo e Sorocaba, a única não capital entre os três primeiros.
Julio Pedrassoli ressalta que a baixa cobertura de vegetação nas cidades brasileiras dificulta a adaptação às mudanças climáticas. Ele defende esforços para preservar as áreas verdes existentes e promover uma distribuição mais equitativa dessas áreas.
