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A megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, segue gerando forte repercussão política e social nesta quarta-feira (29). A ação, que resultou em 121 mortos — sendo 117 suspeitos e 4 policiais —, foi classificada pelo governo estadual como um “sucesso” no combate ao Comando Vermelho, mas foi duramente criticada por parlamentares e militantes de esquerda, que a consideram uma chacina sem precedentes.
O governador Cláudio Castro (PL) defendeu a atuação das forças de segurança e elogiou os agentes mortos na operação.
“Temos muita tranquilidade de defendermos tudo que fizemos ontem. Queria me solidarizar com a família dos quatro guerreiros que deram a vida para salvar a população. De vítima ontem lá, só tivemos esses policiais”, afirmou Castro, em coletiva de imprensa.
Em resposta, políticos de esquerda reagiram com indignação. A deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) chamou o governador de “assassino”, enquanto outros parlamentares pediram seu afastamento e responsabilização.
A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) classificou a ação como uma “cena inaceitável de horror, tristeza e barbárie”.
“Familiares e amigos amanheceram recolhendo mais de 60 corpos das vítimas da chacina no Complexo da Penha. O número de vítimas dessa operação desastrosa já passa de 120”, afirmou.
A vereadora Thais Ferreira (PSOL-RJ) também fez duras críticas:
“Diferente do que foi divulgado, moradores já contabilizam pelo menos 120 mortos. O que aconteceu ontem entra para a história como a maior chacina do Brasil, superando o Carandiru. Cláudio Castro precisa ser afastado e responsabilizado por esse massacre.”
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSOL-SP), disse que não há como considerar a operação um êxito.
“Não é possível que alguém acredite que isso foi uma operação de sucesso.”
A vereadora Mariana Conti (PSOL), de Campinas (SP), destacou o contraste entre o tratamento dado a diferentes regiões da cidade:
“Não é segurança pública, é chacina! O governador Cláudio Castro não pode seguir! Enquanto essa operação matou mais de 100 pessoas e apreendeu 93 fuzis, a maior apreensão de fuzis no RJ não disparou nenhum tiro, foi feita em um bairro de classe média.”
Enquanto isso, políticos de direita celebraram o resultado da operação e manifestaram apoio irrestrito ao governador. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), parabenizou Castro e colocou suas tropas à disposição:
“Parabéns ao governador Cláudio Castro por sua decisão firme de enfrentar o crime no Rio de Janeiro. A coragem das forças de segurança e o compromisso com a paz e a liberdade da população recebem o aplauso de todo o Brasil.”
Os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Hamilton Mourão (Republicanos-RS) também elogiaram a operação.
Flávio afirmou que o presidente Lula (PT) “abandonou o Rio de Janeiro”:
“O governo Lula não deu absolutamente nenhum apoio. Não há outro caminho para buscar a liberdade de milhões de pessoas que vivem sob a lei paralela desses marginais com tamanho poderio bélico.”
Já Mourão defendeu uma ação nacional coordenada contra o crime organizado:
“Não é questão pertinente apenas ao governo local! É questão pertinente a todos nós, brasileiros e brasileiras.”
O deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) chamou os policiais mortos de “heróis nacionais” e se colocou ao lado do governador:
“Parabéns ao governador Cláudio Castro, ao secretário de segurança e a todas as forças que estão resgatando brasileiros mantidos reféns por facções narcoterroristas no Rio. O preço é alto. Estamos sofrendo com as baixas dos combatentes. Governador, conte comigo. Estarei ao seu lado, em Brasília e no Rio, na linha de frente do combate ao crime. Vamos pra cima!”
De acordo com o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, a operação, denominada “Contenção”, teve como alvo o Comando Vermelho e é considerada a mais letal da história do estado.
Enquanto o governo fluminense defende que a ação foi necessária para “enfrentar o crime organizado”, parlamentares da oposição prometem acionar organismos de direitos humanos e cobrar investigações independentes sobre o número de mortos e as circunstâncias da operação.