O governo Trump assinou um contrato no valor de US$ 1,6 bilhão com a Novavax, uma empresa de biotecnologia de Maryland, para desenvolver uma vacina contra o coronavírus. Essa é a maior aposta já feita pelo governo americano em uma vacina individual para combater a pandemia [a ação da empresa disparou na pré-abertura de mercado nesta terça-feira 7].
O acordo com a Novavax, uma empresa de capital aberto sediada em Gaithersburg, pagará por ensaios clínicos em estágio avançado e garantirá 100 milhões de doses da vacina a ser usada pelos Estados Unidos, informou a empresa na terça-feira (6). A Novavax já tem um plano ambicioso de fabricação em andamento e disse que espera ter 100 milhões de doses prontas para distribuição entre o final de 2020 e início de 2021, se os dados dos ensaios clínicos mostrarem que a vacina é segura e eficaz.
A Novavax está entre as várias empresas que avançam nos planos de fabricação sem saber ainda se suas vacinas funcionarão, uma estratégia projetada para levar a vacina à população o mais rápido possível. A empresa está contratando dezenas de funcionários. Recentemente, comprou uma fábrica na República Tcheca e está alinhando fabricantes contratados em todo o mundo para produzir doses adicionais. “Sem precedentes; é a única maneira de descrever”, disse o executivo-chefe da Novavax, Stanley C. Erck, sobre o cronograma. “Normalmente leva anos para chegar lá.”
O contrato da Novavax faz parte da Operação Warp Speed, criada pelo presidente Donald Trump para acelerar os esforços de vacinação. Esse valor é maior que o acordo de US$ 1,2 bilhão firmado com a AstraZeneca em maio para 300 milhões de doses da vacina. O governo americano também tem contratos de centenas de milhões de dólares para o desenvolvimento de vacinas com a Moderna e a Johnson & Johnson.
O governo americano está financiando o desenvolvimento de várias empresas candidatas a vacina com base no pressuposto de que alguns testes podem não funcionar. Além disso, provavelmente será necessária mais de uma vacina para inocular bilhões de pessoas nos Estados Unidos e em todo o mundo contra o vírus. “A adição da Novavax ao diversificado portfólio de vacinas da Operação Warp Speed aumenta as chances de que tenhamos uma vacina segura e eficaz no final deste ano”, afirma Alex Azar, secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, em um comunicado à imprensa.
A produção de uma vacina até o final de 2020 é um cronograma altamente otimista, de acordo com especialistas. O desenvolvimento de uma vacina bem-sucedida normalmente leva vários anos. Anthony S. Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas e membro-chave da equipe de Trump de resposta ao coronavírus, disse que o cronograma mais provável para as primeiras vacinas se tornarem disponíveis é em meados de 2021.
A Novavax projetou geneticamente uma proteína no pico do coronavírus que deve desencadear uma resposta de anticorpos no corpo humano. A empresa ainda não possui nenhum produto no mercado, de acordo com o site, mas trabalha com vacinas contra influenza, Ebola, e síndromes respiratórias, como a do Oriente Médio. Para o coronavírus, a empresa recebeu US$ 388 milhões da Coalition, organização sem fins lucrativos, para inovações em preparação para epidemias, informou a empresa em março.
Em maio, a Novavax lançou um estudo sobre a segurança e eficácia da Fase 1, realizado em 130 pessoas na Austrália. Os resultados preliminares são esperados para julho, informou a empresa. O investimento de US$ 1,6 bilhão da administração Trump foi baseado em estudos de laboratório, com camundongos e macacos, mostrados a funcionários do governo, disse Erck. “Você pode ter um nível bastante alto de expectativa de que o que mostramos em nosso estudo sobre babuínos ocorrerá em humanos”, diz ele.
A fase 1 não resultou em nenhum problema de segurança, acrescentou. Um estudo da fase 2 envolvendo 1.000 a 2.000 pessoas, comparando a vacina Novavax contra um placebo, deve começar em agosto na Austrália e possivelmente nos Estados Unidos, disse Erck. Levará aproximadamente 60 dias. Os resultados iniciais da Fase 3 em 30.000 pessoas podem estar disponíveis até o final de 2020, embora seja difícil encontrar a população certa para um surto, disse ele.
As ações da empresa se valorizaram drasticamente, à medida que aumentavam as esperanças quanto a sua potencial vacina. Suas ações eram negociadas abaixo de US$ 5 em janeiro e no fechamento de segunda-feira (5) estavam próximas a US$ 80.
