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Astrônomos confirmaram a chegada de um novo visitante vindo de fora do sistema solar. Trata-se do 3I/ATLAS, um objeto interestelar que atualmente se desloca a mais de 209 mil km/h em direção ao sistema solar interno. Embora a trajetória chame atenção, especialistas garantem que não há risco de colisão com a Terra.
Este é apenas o terceiro objeto interestelar já detectado passando pelo nosso sistema solar — os outros foram ʻOumuamua, em 2017, e o cometa Borisov, em 2019. Segundo a NASA, o 3I/ATLAS está agora entre as órbitas do cinturão de asteroides e de Júpiter, e deve atingir seu ponto mais próximo ao Sol no fim de outubro.
“Essa coisa está viajando muito rápido”, disse Paul Chodas, diretor do Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA ao The New York Times. De acordo com ele, a alta velocidade do objeto comprova que sua origem é interestelar, ou seja, não se formou no nosso sistema solar.
A descoberta foi feita na última terça-feira (2) por um dos telescópios do sistema ATLAS, um projeto financiado pela NASA para identificar objetos espaciais que possam representar risco de impacto com a Terra. A partir das imagens captadas no Chile, foi possível calcular uma órbita altamente excêntrica, que levantou a suspeita de uma origem fora do sistema solar.
“As observações de acompanhamento realizadas nos dias 1º e 2 de julho começaram a revelar que sua órbita podia ser incomum, possivelmente interestelar”, explicou Larry Denneau, coinvestigador principal do ATLAS.
O astrônomo amador Sam Deen também identificou o objeto em imagens tiradas no fim de junho. Os registros permitiram cálculos mais precisos, e o objeto foi oficialmente nomeado de 3I/ATLAS pelo Centro de Planetas Menores da União Astronômica Internacional. Inicialmente, ele era chamado de A11pI3Z, código interno do sistema.
Com mais de 100 observações já reunidas por telescópios ao redor do mundo, pesquisadores relataram sinais de atividade cometária. Isso indica que o 3I/ATLAS seria um cometa, e não um asteroide, o que explicaria seu brilho intenso.
“Se rastrear sua órbita para trás, parece vir do centro da galáxia, mais ou menos”, disse Chodas. “Sem dúvida, procede de outro sistema solar. Não sabemos de qual”.
O cometa é visível por telescópios médios e se destaca por ser mais brilhante que ʻOumuamua e Borisov, seus predecessores. O brilho pode estar relacionado à presença de gás e poeira em torno de seu núcleo, fenômeno típico em cometas e chamado de coma.
“Não se pode deduzir o tamanho do objeto sólido a partir do brilho da coma”, destacou Chodas. “Então é cedo demais para determinar quão grande é esse objeto”.
Para o astrofísico Avi Loeb, da Universidade de Harvard, o brilho do objeto levanta novas questões: “Essa é a pergunta mais interessante que se me ocorre agora mesmo. A que se deve seu brilho tão significativo?”.
Segundo ele, se a superfície fosse escura como a de um asteroide rochoso, o objeto precisaria ter cerca de 19 km de diâmetro para refletir tanta luz — o que ainda não pode ser confirmado.
Diferente de ʻOumuamua, que desapareceu da vista em poucas semanas, o 3I/ATLAS deverá permanecer visível para grandes telescópios até o próximo ano, permitindo uma observação mais detalhada de sua composição, brilho e calor. Medições com o Telescópio Espacial James Webb, por exemplo, poderão ajudar a identificar os elementos presentes em sua superfície.
A maior aproximação do cometa à Terra está prevista para dezembro, quando deverá estar a uma distância segura de mais de 257 milhões de quilômetros. “Nunca se aproxima da Terra”, reforçou Chodas.
Com o início das operações do Observatório Vera C. Rubin, no Chile, que em breve começará a varrer o céu a cada três ou quatro dias, os astrônomos esperam encontrar mais objetos interestelares nos próximos anos — o que pode ajudar a entender melhor como esses visitantes distantes chegam ao nosso “quintal cósmico”.
