O bilionário e fã de criptomoedas Mark Cuban alertou que outro escândalo será registrado em torno das criptomoedas, como o que abalou o mundo financeiro com a queda estrondosa da plataforma FTX.
De acordo com The Street, “nos últimos meses, a indústria de criptomoedas foi atormentada por inúmeros escândalos, que aumentaram drasticamente o ceticismo e a desconfiança entre o público em geral e estimularam mais pedidos de intervenção dos reguladores”.
“Um aspecto comum a todos esses escândalos criptográficos é que os grandes nomes e players do setor são jogados na confusão. Ninguém está imune”, afirmou o artigo.
A esse respeito, ele lembrou que “tudo começou em maio passado, quando as criptomoedas irmãs Luna e UST, ou TerraUSD, entraram em colapso depois que a UST perdeu sua paridade com o dólar”. Essas criptomoedas estão vinculadas a ativos mais estáveis, como o dólar americano ou o ouro. “Mas a UST era uma stablecoin algorítmica, apoiada não por reservas em dólares, mas por seu ativo irmão, Luna.”
“Esse desastre provocou uma crise de crédito que se mostrou catastrófica para muitas empresas, incluindo o fundo de hedge Three Arrows Capital, ou 3AC, que se viu incapaz de cumprir seus pagamentos aos credores de cripto Celsius Network e Voyager Digital”, lembrou The Street.
Por esta razão, “3AC foi forçado a liquidar. A Celsius e a Voyager entraram com pedido de concordata, Capítulo 11, nos Estados Unidos.
“A separação da moeda UST da Terra e o colapso de Celsius e 3AC levaram a enormes perdas para os investidores: US$ 20,5 bilhões no caso da UST e US$ 33 bilhões no caso de Celsius e 3AC”, de acordo com a empresa de segurança Blockchain Chainalysis.
“Essa crise revelou principalmente os vínculos e a exposição das empresas cripto umas às outras, como bancos durante a crise financeira de 2008. A outra lição foi a falta de transparência das empresas cripto centralizadas, que em sua maioria não são regulamentadas”, disse.
“Essa opacidade criou outra situação que faria com que o FTX implodisse da noite para o dia alguns meses depois”, observou ele.
Sobre isso, ele lembrou que “a bolsa de criptomoedas e sua empresa irmã, Alameda Research, um fundo de hedge que também serve como plataforma de negociação, tornaram-se as empresas por meio das quais seu fundador, Sam Bankman-Fried, aproveitou a crise de confiança na indústria de criptomoedas.
Assim, “ele consolidou o poder e se tornou o novo homem forte do espaço criptográfico; O Bankman-Fried usou as duas empresas para resgatar outras empresas em dificuldades, mas, como mais tarde ficou claro, alguns desses acordos eram questionáveis, como o que fez com o credor BlockFi. Menos de três meses depois, o império Bankman-Fried faliu.”
“Os reguladores acusaram o ex-trader de fraudar e conspirar para fraudar clientes e investidores da FTX. Levará tempo para determinar exatamente o que aconteceu, mas os fundos dos clientes da FTX parecem ter sido misturados com os da Alameda e usados ilegalmente em transações de alto risco.”
De acordo com a Chainalysis, o crash causou perdas de US$ 9 bilhões para os clientes da FTX, mas esse número não leva em consideração as perdas potenciais para as pessoas que depositaram seus fundos na bolsa. “A probabilidade de esses investidores recuperá-los não é clara”, observou The Street.
Nesse contexto, “para o bilionário e investidor em criptomoedas Mark Cuban, é uma questão de quando, não se, haverá outro escândalo”.
Como será o novo escândalo?
“Esse novo escândalo, afirmou, aparecerá na forma de uma implosão das chamadas bolsas de lavagem, segundo ele, nas bolsas centralizadas.”
“Acho que a próxima implosão possível é a descoberta e remoção de wash trades nos principais negócios”, disse o proprietário do Dallas Mavericks ao The Street em uma entrevista por e-mail. “Supostamente, existem dezenas de milhões de dólares em negociação e liquidez para tokens que têm muito pouca utilização. Eu não vejo como eles podem ser tão escorrendo.”
“Um wash trade, uma prática ilegal, consiste em criar um interesse artificial em torno de um produto financeiro, um token criptográfico ou uma moeda neste caso, para obter lucro. Essa forma de esquema de bombeamento e despejo é difundida na indústria de criptomoedas.”
“Basicamente, um scammer/trader compra e vende os mesmos tokens, criando volumes artificiais de negociação em torno dessa criptomoeda. O golpista incentiva comentários positivos nas mídias sociais sobre o token, dando a outros comerciantes a impressão de que o token é popular e está em alta demanda”, observou.
Por sua vez, “isso gera mais interesse no token, elevando seu preço. Os golpistas então liquidam suas posições no pico da demanda.”
“A Wash Trading (está) fazendo, ou pretende fazer, transações para dar a aparência de que compras e vendas foram feitas, sem incorrer em risco de mercado ou alterar a posição do trader no mercado”, disse a Futures Trading Commission. Estados Unidos.
“Embora muitas lavagens comerciais tenham ocorrido nas finanças tradicionais, o espaço criptográfico está particularmente maduro para a prática porque quase 13.000 criptomoedas estão listadas”, de acordo com a empresa de dados CoinGecko.
“Os golpistas precisam fazer com que um ou outro token se destaque desse pacote para que possam participar do wash trading.”
Por exemplo, de acordo com um estudo da revista Forbes de 2022 sobre 157 trocas centralizadas de criptomoedas, “mais da metade dos volumes de comércio relacionados ao bitcoin são falsos”.
“É provável que mais da metade de todo o volume de comércio relatado seja falso ou antieconômico”, concluiu a revista, acrescentando que “estima que o volume diário global de bitcoin para a indústria foi de US$ 128 bilhões em 14 de junho”. Isso é 51% menor do que os US$ 262 bilhões que seriam obtidos pela soma do volume autorrelatado de várias fontes”.
“Opacidade é a palavra-chave e levanta questões ainda maiores sobre dados relacionados a volumes de negociação de criptomoedas menos populares e menos expostas”, observou ele.
“E essa questão, por sua vez, levanta a questão da solvência de certas exchanges centralizadas de criptomoedas. Eles estão operando mais de 560 exchanges”, de acordo com a CoinGecko.
