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O ex-governador de São Paulo e empresário João Doria enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao vice-presidente Geraldo Alckmin, na qual registrou ter cometido “exageros e equívocos” em suas interações com ambos, conforme reportado pelo jornal O Globo .
“Queria ter a chance de dizer que errei”, escreveu Doria na mensagem, que foi solicitada por ele a Alckmin para ser entregue pessoalmente ao presidente. Segundo informações obtidas pelo jornal, Lula leu a carta na hora e cumpriu o gesto de Doria, embora tenha ponderado que, apesar de ter vivido muito para não perdoar, tornar-se amigo do ex-governador seria um pouco excessivo.
Essa iniciativa de reaproximação com Lula faz parte de um esforço mais amplo de Doria para reconciliar-se com figuras políticas com as quais havia rompido. Ele já havia restabelecido sua relação com Alckmin, com quem teve uma conversa significativa em sua residência, além de ajustar os laços com ex-aliados como Rodrigo Garcia, ex-vice no governo de São Paulo, e Bruno Araújo, ex-presidente do PSDB .
“Agora, sou o João conciliador”, afirmou Doria ao GLOBO , enquanto entrava em sua sala de reuniões na Avenida Faria Lima, o centro financeiro de São Paulo. Essa nova postura é uma brincadeira com o bordão “João trabalhador”, que o levou a se eleger prefeito da cidade em 2016. No entanto, Doria afirma que suas ações não têm como objetivo um retorno à política, mas sim a formação de uma frente ampla em torno de sua rede de negócios, que vem se expandindo desde 2022, quando saiu da corrida presidencial por pressão do PSDB. Ele reassumiu o comando do grupo Lide, focando novamente em sua carreira empresarial.
“Saí em definitivo da política. Pode escrever. Não tenho raiva, não tenho mágoa e não tenho ressentimento. Mas, para a política, não volto mais”, declarou Doria.
O jornal O Globo ressalta que Doria alcançou notoriedade há duas décadas ao criar um negócio que combina a realização de grandes eventos, a defesa dos interesses do setor privado e o acesso ao poder. Para se associar à Lide, é necessário ter um faturamento mínimo de R$ 200 milhões anuais, e seus membros buscam conexões com figuras influentes, como evidenciado em uma foto de um evento de Doria, onde aparecem personalidades como Michel Temer, Ricardo Lewandowski e os ministros do STF, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
Após anos na política, Doria retornou ao mundo dos negócios, mas encontrou resistência no governo do PT, com pouco do primeiro escalonamento interessado em se associar a ele devido ao seu histórico de rivalidade com Lula. Em 2019, Doria fez uma piada sobre a prisão de Lula, pelo qual pediu desculpas publicamente no ano passado, mas a desconfiança em Brasília ainda persiste.
Essa situação criou um espaço para rivais que Doria classifica como seis concorrentes de menor expressão, afirmando que há “espaço para todos”. Em uma mudança de estratégia, ele aumentou o número de eventos para 200 por ano e expandiu as representações da Lide, agora presentes em 20 países. Trocando a postura provocativa por uma mais reservada, Doria continua a buscar aproximações enquanto enfrenta os desafios do cenário político.
Embora não tenha recebido uma resposta à sua carta, Doria afirma que o importante é que se sinta “leve”. Ele se considera uma pessoa conciliadora, sem rancor, e expressa o desejo de não retomar um relacionamento antagonista. Doria conclui, ressaltando que sua alma está mais tranquila e espera que a de Lula também esteja feliz.