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O governo de Israel está prestes a aprovar um acordo de cessar-fogo com o grupo libanês Hezbollah, que será discutido pelo Gabinete de Segurança nesta tarde. No entanto, a menos de algumas horas da reunião, persiste um desacordo entre as partes quanto à possibilidade de Israel retomar os ataques caso o acordo não seja cumprido.
Às 17h00 (hora local, 15h00 GMT), o Gabinete de Segurança, que reúne os principais ministros e a cúpula de segurança e inteligência de Israel, se reunirá em Tel Aviv para “discutir e aprovar” o acordo, segundo fontes próximas às negociações.
Os bombardeios israelenses no Líbano resultaram em mais de 3.500 mortes no último ano e deixaram 1,2 milhão de deslocados. Em Israel, 78 pessoas morreram, sendo 47 civis, enquanto cerca de 60.000 pessoas foram deslocadas devido ao intenso confronto com o Hezbollah.
Principais pontos do acordo:
Desarme do sul do Líbano em 60 dias
- Israel e Hezbollah concordaram com um desarme do sul do Líbano em uma fase inicial de 60 dias. Durante esse período, as tropas israelenses se retirarão e o Hezbollah se deslocará para o norte do rio Litani, cumprindo a retirada de pessoal armado da Linha Azul, conforme a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, estabelecida após a guerra de 2006.
- O Exército do Líbano substituirá as tropas israelenses na área. Tropas dos EUA sob o comando do Comando Central (Centcom) supervisionarão as relações entre as forças israelenses e libanesas nos primeiros dias do acordo.
- A missão de paz da ONU no Líbano (FINUL) participará da supervisão da área, com a presença de tropas francesas também envolvidas nesse processo.
Criação de um órgão internacional de supervisão
- O acordo prevê a criação de um órgão internacional liderado pelos Estados Unidos para monitorar o cumprimento do cessar-fogo, com a participação de Reino Unido, Alemanha, França e um quinto país árabe.
- Inicialmente, Israel se opôs à presença da França, mas, após mediação dos EUA, a participação francesa foi incluída no grupo.
- Líbano se opôs à inclusão do Reino Unido, mas a concessão de Israel em relação à França ajudou a desbloquear esse impasse.
Discrepâncias sobre o direito de retomar os ataques
- Israel exige liberdade para retomar os ataques ao Líbano caso o acordo seja violado por três motivos: o rearme do Hezbollah, a preparação de ataques contra Israel ou o retorno dos milicianos ao sul do país.
- A mídia israelense aponta que o exército poderá atacar caso exista uma ameaça imediata a Israel, enquanto, em outros casos, o comitê internacional será responsável por tomar as medidas adequadas.
- Israel também deseja poder retomar os ataques caso o envio de armas do Irã para o Hezbollah continue através da Síria. Os EUA têm pressionado Israel a conduzir esses ataques em território sírio.
- Líbano compromete-se a monitorar a compra e fabricação de armas para garantir que não cheguem ao Hezbollah.
Futuro das negociações: fronteira e presos
- Após o período de 60 dias, Israel e Líbano negociarão a demarcação da fronteira, uma vez que, atualmente, existe uma linha divisória, a Linha Azul, determinada pela ONU após a guerra de 2006.
- Israel garante que não estabelecerá uma zona de amortecimento no sul do Líbano, mas também não devolverá os prisioneiros do Hezbollah capturados durante o conflito.
Em 2022, as partes já haviam alcançado um acordo para delimitar a fronteira marítima e dividir os campos de gás no Mediterrâneo, com a mediação dos EUA.
(Com informações da EFE)