Dentre as mais bizarras reações às estrambólicas opiniões do presidente sobre cinema emitidas na semana passada, estão declarações de cineastas se dizendo temerosos por uma nova “censura”.
Como é sabido, o cinema nacional é, em grande parte, financiado através de leis de incentivo (em especial a 8.685/93, a chamada Lei do Audiovisual), que utilizam o mecanismo da renúncia fiscal.
Bolsonaro pode não saber diferenciar a Nouvelle Vague das chanchadas da Atlântida; pode nunca ter ouvido falar em Glauber Rocha; pode nem saber o que é e para que serve a Ancine, que ele diz que pode privatizar (como é possível privatizar uma agência estatal de regulação, não se sabe); e sua declaração de que o governo deve “filtrar” o conteúdo das obras financiadas é absolutamente estapafúrdia.
Mas uma coisa é certa:
se os sempre presunçosos produtores e diretores de cinema brasileiros deixarem de depender das benesses estatais, criarem seus próprios mecanismos de financiamento e/ou passarem a arriscar o próprio dinheiro, o presidente da república, por mais ignorante que seja, não tem – e não terá – poder de censurar coisa alguma.
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