AP- – Equipes de resgate retiraram nesta segunda-feira (28) uma décima vítima fatal dos escombros de um condomínio que desabou na cidade de Surfside, ao lado de Miami, nos Estados Unidos. O complexo possui mais de 130 apartamentos, 80 dos quais estavam ocupados. Cerca de 55 deles desabaram.
Até o momento, mais de 150 pessoas ainda estão desaparecidas. Suas famílias foram de ônibus no domingo para um local próximo para assistir ao intenso esforço de resgate, que incluiu bombeiros, cães farejadores e especialistas em busca de radares e dispositivos de sonar.
No início da segunda-feira, um guindaste levantou uma grande laje de concreto da pilha de entulho, permitindo que cerca de 30 equipes de resgate com capacetes se movessem e carregassem pedaços menores de entulho para baldes vermelhos, que são esvaziados em uma caixa maior para um guindaste remover. A obra tem sido complicada por pancadas intermitentes de chuva, mas os incêndios que atrapalharam a busca inicial foram extintos.
Andy Alvarez, um subcomandante de incidentes do Miami-Dade Fire Rescue, disse ao programa “Good Morning America” da ABC que as equipes de resgate conseguiram encontrar alguns vazios dentro dos destroços, principalmente no porão e no estacionamento.
“Temos mais de 80 equipes de resgate ao mesmo tempo que estão rompendo as paredes que desabaram, em um esforço frenético para tentar resgatar aqueles que ainda são viáveis e chegar aos vazios que normalmente sabemos que existem nesses edifícios”, disse Alvarez.
“Conseguimos abrir um túnel através do prédio”, acrescentou Alvarez. “Esta é uma busca frenética para buscar aquela esperança, aquele milagre, para ver quem podemos tirar deste edifício com vida.”
Outros que viram os destroços de perto ficaram assustados com a tarefa à frente. Alfredo Lopez, que morava com sua esposa em um apartamento de esquina no sexto andar e escapou por pouco, disse que acha difícil acreditar que alguém esteja vivo nos escombros.
“Se você visse o que eu vi: nada. E aí, você vai lá e vê, tipo, todo o entulho. Como alguém pode sobreviver a isso? ” Lopez disse à Associated Press.
O ministro da Diáspora israelense, Nachman Shai, chefe de uma delegação humanitária de Israel que inclui vários especialistas em busca e resgate, disse que profissionais lhe contaram casos em que sobreviventes foram encontrados após 100 horas ou mais.
“Portanto, não perca as esperanças, é o que eu diria”, disse ele.
Algumas famílias esperavam que sua visita ao local perto do prédio de 12 andares lhes permitisse gritar mensagens para seus entes queridos possivelmente enterrados dentro da pilha. Quando voltaram para um hotel próximo, vários pararam para se abraçar ao descer do ônibus. Outros caminharam lentamente, abraçados, de volta à entrada do hotel.
“Estamos apenas esperando por respostas. É isso que queremos ”, disse Dianne Ohayon, cujos pais, Myriam e Arnie Notkin, estavam no prédio. “É difícil passar por esses longos dias e ainda não recebemos nenhuma resposta.”
O prédio desabou poucos dias antes do prazo para os proprietários do condomínio começarem a fazer pagamentos elevados para mais de US $ 9 milhões em reparos que haviam sido recomendados quase três anos antes, em um relatório que alertava sobre “grandes danos estruturais”.
As autoridades no domingo identificaram as quatro pessoas adicionais que foram recuperadas como Leon Oliwkowicz, 80, e sua esposa, Christina Beatriz Elvira Oliwkowicz, 74; e Ana Ortiz, 46, e seu filho Luis Bermudez, 26. O número de pessoas desaparecidas foi de 152.
O chefe dos bombeiros, Raide Jadallah, de Miami-Dade, explicou que as condições no local frustraram as tripulações que procuram sobreviventes. Alan Cominsky, chefe do Departamento de Resgate de Bombeiros de Miami-Dade, disse que sua equipe deve se mover lenta e metodicamente.
“O campo de destroços está espalhado por toda parte e é compacto, extremamente compacto”, disse ele, observando que as equipes devem estabilizar e escorar os destroços à medida que avançam.
“Não podemos simplesmente entrar e mover as coisas de forma irregular, porque isso terá o pior resultado possível”, disse ele.
Entre as ferramentas utilizadas pelos socorristas estava um dispositivo de radar de microondas desenvolvido pelo Jet Propulsion Lab da NASA e pelo Departamento de Segurança Interna que “vê” até 20 centímetros de concreto sólido, de acordo com Adrian Garulay, CEO do Spec Ops Group, que os vende. O dispositivo do tamanho de uma mala pode detectar a respiração e os batimentos cardíacos humanos e estava sendo implantado no domingo por uma equipe de busca e resgate de sete membros da comunidade judaica mexicana.
Seis a oito equipes estão procurando ativamente na pilha a qualquer momento, com centenas de membros da equipe em espera, prontos para rodar. As equipes têm trabalhado sem parar desde quinta-feira, disse a prefeita de Miami-Dade, Daniella Levine Cava.
As tripulações passaram a noite de sábado cavando uma trincheira que se estende por 125 pés de comprimento, 20 pés de largura e 40 pés de profundidade (38 metros de comprimento, 6 metros de largura e 12 metros de profundidade), o que, disse ela, permitiu que eles encontrassem mais corpos e restos humanos.
Earl Tilton, que dirige uma empresa de consultoria de busca e resgate na Carolina do Norte, disse que correr para os escombros sem um planejamento e execução cuidadosos pode ferir ou matar as equipes de resgate e as pessoas que estão tentando salvar.
“Mover o pedaço errado de entulho na hora errada pode fazer com que ele caia” sobre os trabalhadores e os esmague, disse ele.
Mas Tilton concordou que as famílias não estavam erradas em ter esperança. Durante resgates urbanos anteriores, disse ele, os socorristas encontraram sobreviventes até uma semana após a catástrofe inicial.
Os redatores da Associated Press Adriana Gomez Licon em Miami, Freida Frisaro em Fort Lauderdale, Flórida; Bobby Caina Calvan em Tallahassee, Flórida; Julie Walker em Nova York e outras pessoas de todo os Estados Unidos contribuíram para este relatório.
