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Cuba alimentos remédios
Nesta quarta-feira (14), a ditadura comunista de Cuba autorizou a entrada sem restrições no país de alimentos, remédios e produtos de higiene trazidos por viajantes, três dias após intensas manifestações na ilha.
A medida começa a valer na segunda-feira da semana que vem (19). O governo comunista concordou em autorizar “excepcionalmente e temporariamente” a importação desses produtos, trazidos por passageiros, sem limite de valor e sem o pagamento de taxas, anunciou o número dois da ditadura, Manuel Marrero, na TV cubana, ao lado do líder do país, Miguel Díaz-Canel.
Marrero explicou ainda que a medida vale até 31 de dezembro e que, depois desse período, será reavaliada. As leis cubanas permitem a importação não comercial —sem o pagamento de impostos— de até 10 quilos de medicamentos, enquanto impõem maiores limites a alimentos e outros produtos.
Segundo Marrero, não haverá restrições impostas pelo regime, nem pela alfândega, e quem irá determinar esse limite será a companhia aérea.
Essa era uma das demandas de acadêmicos e intelectuais em carta aberta enviada ao governo recentemente, em uma tentativa de contornar a crise que atinge o país e que motivou também os protestos no domingo (11) e na segunda (12) em cerca de 40 cidades da ilha.
Os atos são as maiores manifestações contra o regime realizadas nas últimas décadas no país. Os cubanos que foram às ruas pedem liberdade e a implementação de políticas efetivas de combate à escassez de alimentos e de remédios.
A mobilização ganhou força após a crise ser intensificada pelos efeitos da pandemia, que fez o PIB de Cuba encolher 11%.
Ainda que as demandas já fossem conhecidas pelo regime e pela comunidade internacional, o volume e a consistência dos protestos surpreenderam. Nos últimos anos, a ditadura comunista já enfrentava mobilizações, marcadas em grande parte pela participação de artistas, jornalistas e intelectuais, que construíram redes de articulação após um decreto de 2018 que limitou ainda mais a liberdade de expressão.
Diferentemente dessas mobilizações, os atos iniciados no fim de semana somaram participação popular e foram registrados em diversas províncias. O regime, porém, segue negando que as mobilizações tenham base social.
Na tentativa de asfixiar as mobilizações, que ganharam força nas redes sociais, o regime da ilha também cortou a internet da população na segunda. Com isso, plataformas como WhatsApp, Facebook, Instagram e Telegram passaram a funcionar de maneira instável.