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(ANSA) – O papa Francisco criticou neste domingo (24) a deportação de migrantes para países que não oferecem condições de segurança e defendeu o acolhimento de pessoas que se arriscam em travessias marítimas para obter proteção na Europa.
A declaração chega em meio ao crescimento do número de deslocados internacionais que desembarcam na Itália e enquanto alguns países da União Europeia tentam fazer o bloco financiar a construção de muros em suas fronteiras externas.
“É preciso por fim ao retorno dos migrantes para países não seguros e dar prioridade ao socorro de vidas humanas no mar com dispositivos de resgate e desembarque previsíveis”, declarou Francisco no Angelus deste domingo.
A declaração faz referência à Líbia, cuja Guarda Costeira foi treinada, equipada e financiada pela Itália para efetuar salvamentos no Mediterrâneo, mas é acusada de violar os direitos humanos de migrantes e refugiados.
“Expresso minha proximidade aos milhares de migrantes, refugiados e outros necessitados de proteção na Líbia. Jamais esqueço de vocês. Ouço seus gritos e rezo por vocês. Peço mais uma vez à comunidade internacional que mantenha as promessas de procurar soluções concretas e duradouras para a gestão dos fluxos migratórios na Líbia e em todo o Mediterrâneo”, acrescentou.
Em seguida, o Papa afirmou que as prisões de migrantes e refugiados na Líbia são “verdadeiros campos de concentração”.
Crescimento – De acordo com o Ministério do Interior da Itália, o país já recebeu 51.568 deslocados internacionais via Mediterrâneo em 2021, quase o dobro dos 26.683 registrados no mesmo período do ano passado.
A maior parte dessas pessoas viajam em barcos superlotados a partir da costa da Tunísia ou da Líbia, que estão mais próximas da ilha italiana de Lampedusa do que a parte peninsular do país europeu.
Já neste domingo, o serviço de alerta Alarm Phone recebeu avisos sobre duas embarcações à deriva no Mediterrâneo, uma delas com 68 pessoas a bordo, incluindo crianças.
Os países europeus também temem um aumento do fluxo de refugiados por causa da tomada do poder no Afeganistão pelo grupo fundamentalista Talibã.
Um grupo de 12 Estados-membros da UE – Áustria, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Estônia, Grécia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia e República Tcheca – pediu que o bloco financie a construção de muros em suas fronteiras externas para barrar eventuais fluxos migratórios.
No entanto, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, rechaçou o pedido. “Fui muito clara: não haverá nenhum financiamento de arame farpado ou muros”, avisou a mandatária do Executivo da UE. (ANSA).