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O Le Robert, um dos principais dicionários da França, disse em um comunicado na quarta-feira (17) que, há algumas semanas, adicionou o pronome neutro “iel” à sua lista de palavras.
A decisão foi tomada depois que seus pesquisadores notaram um crescimento no uso do “pronome” nos últimos meses.
Em inglês, o pronome neutro “they” já é usado há alguns anos por pessoas que não se identificam como homem ou mulher. Muitas figuras públicas – incluindo a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, tem usado o gênero neutro em perfis no Twitter, assinaturas de e-mail ou currículos para mostrar solidariedade com pessoas não binárias.
A decisão do Le Robert gerou um debate na imprensa francesa e nas redes sociais, com vários políticos contestando o termo. O país tem a gramática como parte fundamental da sua cultura.
O governo francês é totalmente contra a ideia, e o Ministério da Educação tem resistido às tentativas anteriores de incorporar a linguagem inclusiva ao currículo escolar. “A escrita inclusiva não é o futuro da língua francesa,” tuitou o ministro da Educação Jean-Michel Blanquer na terça-feira (16).
Blanquer acrescentou que apoiava o protesto do membro da Assembleia Nacional François Jolivet, do Em Marcha!, partido do presidente Macrón, contra a ação do Le Robert.
Jolivet escreveu à Académie Française, organização considerada guardiã da língua francesa, dizendo que o pronome “iel” e suas derivações “ielle, iels e ielles” eram uma afronta os valores franceses.
Para Blanquer, “a campanha solitária” do dicionário “é uma intrusão ideológica manifesta que mina nossa linguagem comum… esse tipo de iniciativa mancha nossa linguagem e divide os usuários em vez de uni-los”, escreveu.
O diretor do Le Robert, Charles Bimbenet, disse que os dicionários incluem muitas palavras que refletem ideias ou tendências, sem que eles próprios aprovem ou reprovem essas ideias e que, como a palavra “iel” é cada vez mais usada, é útil incluir uma descrição.
“A missão do Le Robert é observar e relatar a evolução de uma língua francesa diversa à medida que ela evolui. Definir as palavras que falam do mundo é ajudar a entendê-lo melhor”, escreveu Bimbenet.