A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu nesta quinta-feira (26) ao regime de Nicolás Maduro que respeite os direitos políticos e eleitorais do povo venezuelano, após a perseguição do chavismo contra a Comissão Nacional de Primarias (CNP), que organizou as eleições primárias da oposição do último domingo, em que a ex-deputada María Corina Machado foi a vencedora.
“O secretário-geral acompanha de perto os acontecimentos na Venezuela. Ele apela a todas as autoridades para garantir o pleno respeito aos direitos políticos e eleitorais de seus cidadãos. Ele reitera seu apelo para implementar de boa fé o acordo parcial sobre a promoção dos direitos políticos e garantias eleitorais para todos, assinado em Barbados em 17 de outubro de 2023”, disse um porta-voz da ONU em uma coletiva de imprensa.
Machado, vencedora incontestável das eleições primárias da Venezuela com 92% dos votos, foi proclamada nesta quinta-feira como a candidata da oposição majoritária para as eleições presidenciais de 2024, em que buscará derrotar o chavismo, no poder há 24 anos.
A CNP, organizadora do processo, foi a responsável por proclamar oficialmente a candidata em um evento em que também foi reconhecido o trabalho dos membros desta instância, dos partidos políticos de oposição, de organizações civis que trabalharam para as eleições e dos candidatos que se apresentaram à disputa.
ONGs e ativistas da Venezuela rejeitaram a “criminalização” dos membros da CNP. A Procuradoria-Geral chavista acredita que durante as eleições foram cometidos pelo menos quatro crimes: usurpação de funções; usurpação de identidade; legitimação de capitais; e associação para delinquir.
O procurador-geral, Tarek William Saab, informou da designação de dois investigadores penais para conduzir as investigações.
“Eles (os membros da CNP) são os cidadãos corajosos que, junto a milhares de testemunhas e voluntários, tornaram possível que mais de dois milhões de venezuelanos votassem nas primárias. Hoje, mais uma vez, o Estado venezuelano busca criminalizá-los”, disse a ONG Provea em uma mensagem publicada em sua conta no Twitter.
A organização pediu à população que não permita “que mais pessoas sejam presas na Venezuela por defender direitos civis, políticos e sociais”, e instigou os venezuelanos a se juntarem a uma campanha nas redes sociais em apoio ao trabalho da CNP.