Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
Telegram: [link do Telegram] WhatsApp: [link do WhatsApp]
Principal opositor de Vladimir Putin, lutador incansável contra a corrupção das elites russas, Alexei Navalny morreu de forma súbita nesta sexta-feira (16) na prisão ártica onde estava desde dezembro passado. “Último vídeo de Alexei Navalny antes de sua morte; ASSISTA!)
O líder opositor de 47 anos estava detido desde 2021 por desafiar o regime do Kremlin, que o condenou a uma pena de 19 anos.
Navalny estudou Direito na Universidade Estatal de Moscou, formando-se em 1998. Mais tarde, obteve um título de pós-graduação em Finanças e Valores na mesma universidade. Durante seus anos de estudante, participou ativamente de movimentos estudantis e foi membro do partido político liberal Yabloko.
Após trabalhar como advogado por alguns anos, Navalny se tornou um blogueiro proeminente e ativista anticorrupção. Ele fundou o Projeto Anticorrupção, uma organização que investiga e expõe casos de corrupção na Rússia, e seu blog se tornou uma plataforma influente para denunciar a corrupção dentro do governo russo.
Em 2011, Navalny emergiu como líder dos protestos antigovernamentais que eclodiram na Rússia após as eleições parlamentares, amplamente consideradas fraudulentas. Seu apelo para combater a corrupção e o autoritarismo do governo de Putin ressoou entre muitos russos, especialmente entre os jovens.
Ao longo dos anos, Navalny enfrentou numerosas prisões e julgamentos politicamente motivados. Em 2013, foi condenado a cinco anos de prisão por desvio de fundos, uma acusação que ele e seus apoiadores consideraram politicamente motivada. No entanto, sua sentença foi suspensa depois que milhares de pessoas protestaram nas ruas de Moscou.
Em 2020, Navalny sobreviveu a um envenenamento com o agente nervoso Novichok, um incidente que ele atribuiu a agentes do governo russo. Após se recuperar na Alemanha, ele retornou à Rússia e foi imediatamente preso. Sua detenção provocou protestos em massa em todo o país e condenações internacionais.
Apesar da perseguição e das tentativas de silenciá-lo, Navalny continuou sendo uma figura influente na política russa e um símbolo de resistência contra o governo de Putin. Sua coragem e determinação o tornaram um ícone da luta pela democracia e pelos direitos humanos na Rússia.
Laboratórios europeus concluíram que o principal opositor russo foi vítima de uma substância neurotóxica do grupo Novichok, criada na era soviética para fins militares.
Após sobreviver a essa suposta tentativa de assassinato, Navalny levou tempo para retaliar. Em meados de dezembro, ele divulgou uma conversa telefônica em que expõe um dos agentes do Serviço de Segurança Russo (FSB) que admitiu ter tentado envenená-lo.
Para o opositor, o envenenamento foi orquestrado sob a ordem direta do presidente Vladimir Putin, seu inimigo jurado, que nunca pronuncia seu nome. O mandatário nega todas as acusações.
Investigações e eleições
Ignorado pela mídia nacional, sem representação no Parlamento e sem a possibilidade de se candidatar devido a uma condenação por fraude fiscal que ele denunciou como política, Navalny permaneceu a voz mais poderosa da oposição russa.
Por anos, ele lutou contra o partido do Kremlin, Rússia Unida, que ele chamou de “a formação dos ladrões e dos vigaristas”. Seus vídeos no YouTube – onde tem mais de 4,8 milhões de seguidores – têm muita audiência, e suas investigações sobre a corrupção das elites têm dezenas de milhões de visualizações.
O opositor e sua Fundação de Luta contra a Corrupção (FBK), criada em 2012, continuaram a ser alvos das autoridades.
Para Navalny, tudo isso são retaliações por ele ter organizado um movimento de protesto em 2019, antes das eleições em Moscou.
Foi nas eleições legislativas de dezembro de 2011, que geraram uma onda de protestos, que este ativista ganhou notoriedade e se destacou pelo carisma e pela virulência de seus ataques ao Kremlin. Em 2012, a BBC o descreveu como a principal figura opositora a emergir dessas eleições controversas.
Em setembro de 2013, ele obteve seu primeiro sucesso eleitoral nas eleições municipais de Moscou. Surpreendeu ao ficar em segundo lugar, com 27,2% dos votos, logo atrás do prefeito cessante, o ex-chefe de gabinete de Putin, Serguéi Sobianin, um resultado que o confirmou como uma figura essencial da oposição.
Nunca pôde se medir cara a cara com Putin nas urnas.
Desde 2013, esse pai de dois filhos foi condenado a penas de prisão em suspenso por dois casos de desvio de fundos que ele considera políticos e que resultaram na rejeição de sua candidatura até 2028.
Apesar do veto, Navalny fez campanha para enfrentar o chefe do Kremlin nas eleições presidenciais de 2018, mesmo não sendo candidato. Estabeleceu uma rede de escritórios de campanha em todo o país e desde então vem apresentando figuras opositoras nas eleições regionais para enfrentar os candidatos do partido governante, Rússia Unida. Era líder do partido Rússia do Futuro, com um programa de centro-direita.
Nos anos anteriores, ele passou pelo partido de oposição liberal Yabloko, do qual foi expulso em 2007 por suas posições nacionalistas, mas nunca deixou de questionar a legitimidade de Putin. Também participou de manifestações com tintas racistas, como as da Marcha Russa, mas nos últimos anos tem se afastado desses movimentos e tem progressivamente eliminado o tom nacionalista de seus discursos.
Uma longa perseguição Em 2019, o advogado já havia sido transferido para um hospital desde a prisão onde cumpria sentença após uma prisão administrativa, então sua equipe afirmou que era um suposto envenenamento, ao sofrer um estranho inchaço nas pálpebras e múltiplos abscessos no pescoço, costas, torso e cotovelos. Os médicos na época apontaram que ele sofreu uma grave reação alérgica e o deram alta para voltar à prisão no dia seguinte.
Além disso, em 2017, ele foi atacado por vários homens que jogaram um antisséptico em seu rosto, causando danos a um de seus olhos.
O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos declarou que as prisões e detenções de Navalny pela Rússia em 2012 e 2014 tinham motivação política e violavam seus direitos humanos, uma decisão que Moscou considerou questionável. Ele também passou por prisão várias vezes por violar a legislação sobre manifestações.
Ele sempre rejeitou suas condenações judiciais e afirmou que nada poderia diminuir sua motivação, nem mesmo as ameaças contra sua segurança e a de sua família.
“Estou na política há muito tempo, muitas vezes sou preso […], faz parte da vida”, relativiza. “Estou fazendo o trabalho que prefiro, as pessoas me apoiam, tenho muitos simpatizantes. O que mais um homem pode querer?”
