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O número de adultos com obesidade no Brasil aumentou 286% na última década, conforme levantamento exclusivo do R7, que utilizou dados do Ministério da Saúde. O total de pacientes acompanhados na Atenção Primária à Saúde, que inclui Unidades Básicas e Postos de Saúde, subiu de 2,1 milhões em 2014 para 8,2 milhões em 2023.
Além disso, o número de adultos com sobrepeso também cresceu, passando de 3,1 milhões para 8,5 milhões.
Uma pessoa é considerada obesa quando seu Índice de Massa Corporal (IMC) é igual ou superior a 30 kg/m², enquanto o sobrepeso é caracterizado por índices entre 25 kg/m² e 29,9 kg/m². O IMC ideal varia entre 18,5 kg/m² e 24,9 kg/m², sendo calculado pela divisão do peso em quilogramas pela altura em metros ao quadrado.
Carlos Schiavon, presidente da ONG Obesidade Brasil, aponta que mudanças no ambiente de convivência têm contribuído para esse aumento. Ele destaca a redução significativa das atividades físicas cotidianas, como caminhadas e brincadeiras infantis, além da troca de alimentos caseiros e frescos por opções processadas e hipercalóricas de fácil acesso.
Diante desse cenário, o Ministério da Saúde afirma que está implementando várias ações de prevenção, que incluem repasses financeiros, cursos de capacitação para profissionais de saúde, estratégias para qualificar a vigilância alimentar e nutricional, além de apoio técnico para a organização de serviços e capacitação dos profissionais para diagnóstico e assistência a pessoas com obesidade.
Schiavon também ressalta que a utilização excessiva de telas, incluindo por crianças, agrava o quadro de obesidade ao reduzir a prática de atividades físicas e prejudicar o sono, fator que também contribui para o problema. Ele considera o combate à obesidade um dos maiores desafios da saúde pública global, defendendo que é essencial focar na prevenção, especialmente entre crianças e adolescentes, e que programas que incentivem mudanças de estilo de vida, medicação e, eventualmente, cirurgia, devem ser acessíveis à população.
Ambientes “obesogênicos”, onde há fácil acesso a alimentos ultraprocessados e dificuldade em incluir atividades físicas na rotina, também são apontados como fatores que contribuem para a obesidade. Schiavon observa que esses alimentos são hipercalóricos, com baixo valor nutricional, e enfatiza a necessidade de garantir acesso a alimentos frescos e tempo para que as pessoas possam cozinhar.
Os riscos da obesidade são numerosos, incluindo problemas de saúde física e mental, desafios sociais e preconceitos. Schiavon lista complicações que podem surgir, como diabetes tipo 2, hipertensão, problemas ortopédicos, infertilidade, certos tipos de câncer e depressão.
O cirurgião do aparelho digestivo e especialista em obesidade, José Afonso Sallet, descreve a situação atual como uma “pandemia” de obesidade, ressaltando que a prevenção é o tratamento mais eficaz. Ele explica que a obesidade é uma doença multifatorial, onde os hábitos alimentares e a falta de atividade física desempenham papéis cruciais.
De acordo com Sallet, cerca de 80% da variação de peso está relacionada à dieta e apenas 20% à atividade física. Assim, ele recomenda a reeducação alimentar e a prática regular de exercícios, pelo menos três vezes por semana, como estratégias fundamentais para enfrentar a obesidade, que também é exacerbada pela alta incidência de obesidade infantil.