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O ex-presidiário Lula (PT) questionou, em entrevista à Rádio Banda B na terça-feira (15), o discurso de que o país precisa de reformas e apontou que ainda está em dúvida sobre a necessidade de uma reforma tributária ampla.
Lula disse que, caso seja eleito, poderá apenas sugerir mudanças pontuais na cobrança de impostos que, de acordo com ele, “coloquem o pobre no Orçamento e o rico no Imposto de Renda”.
Lula apontou também a suposta necessidade de se taxar mais os ricos com cobranças sobre lucros e dividendos.
“Eu estou convencido de que nós não precisamos ainda começar a discutir reforma tributária. E não sei se uma reforma tributária completa, a gente tem que discutir tópicos da reforma tributária”, disse o petista na entrevista.
“Uma das grandes soluções que o Brasil precisa hoje é a gente voltar a colocar o pobre no Orçamento da União, dos municípios e dos estados, e colocar o rico no Imposto de Renda. É o que está faltando para que os ricos paguem sobre o lucro e dividendos. Aí, quem sabe, a gente vai resgatar o suficiente para fazer as políticas públicas que o Brasil tanto precisa”, destacou.
“Quem foi que disse que o Brasil precisava das reformas?”, questionou o ex-presidente.
Ele respondeu, apontando o caráter privatista dos últimos governos que, em sua visão, promoveram o desmonte do Estado. “Quem disse isso é um setor empresarial que queria se desfazer do país inteiro, como se desfizeram no Paraná da fábrica de fertilizantes, da usina de xisto. Isso não é reforma”, disse o ex-presidente.
“O que nós precisamos ter em conta é saber a quem interessa essa reforma do Estado. Eu nunca vi nenhum trabalhador brasileiro, nenhum sindicalista, falar em reforma. Quem fala em reforma são os empresários e aqueles que querem comprar aquilo que representa os interesses do povo brasileiro como empresas poderosas, como a Petrobras e a Eletrobras“, destacou.
Ao falar sobre reforma trabalhista, Lula disse que é preciso “recompor direitos” perdidos com a reforma feita no Governo Temer (MDB):
“Não houve reforma trabalhista. O que houve foi uma destruição de tudo aquilo que a gente tinha conquistado desde os anos de Getúlio Vargas. O que sobrou no lugar? Nada. Se criou a ideia de que o cidadão ia deixar de ter carteira assinada e ia ser um microempreendedor”.
“Acontece que essas pessoas estão descobrindo agora que eles ficaram escravos porque trabalham, não têm direito a férias, seguridade social, descanso semanal remunerado. Se alguém da família fica doente, não tem nada que dê a ele o mínimo de sustentação”, afirmou.
“Precisamos voltar a discutir uma política trabalhista que dê ao trabalhador o direito de ser tratado com decência, dele ser respeitado, ter acesso a saúde, em especial quando sofre um acidente e não pode trabalhar. Queremos repor os direitos dos trabalhadores brasileiros”, defendeu.