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A Armênia anunciou nesta sexta-feira (16) que 136 pessoas morreram em confrontos com o Azerbaijão apenas esta semana, elevando o número total de vítimas fatais a mais de 200 no pior conflito entre os dois países em dois anos.
Os dois lados se acusam mutuamente de terem interrompido o cessar-fogo que vigorava na região desde 2000, quando os dois vizinhos do Cáucaso se enfrentaram pelo controle da região de Nagorno-Karabakh, que resultou em mais de 6.500 mortes e na separação do enclave, de maioria armênia do Azerbaijão.
Os conflitos atuais eclodiram na terça-feira (13), mas foram interrompidos graças à mediação internacional à meia-noite de quinta-feira (15).
Analistas acreditam que a atual escalada inutilizou os recentes esforços da União Europeia para levar Baku e Yerevan a um acordo de paz. “Até agora, o número de mortos é 135. Infelizmente, não é o número definitivo. Também há muitos feridos”, anunciou o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, durante uma reunião de seu governo.
Isso eleva o número de mortos em ambos os lados para mais de 200.
Os combates foram suspensos na quinta-feira “graças ao envolvimento da comunidade internacional”, comentou o Conselho de Segurança Nacional da Armênia.
“O Azerbaijão ataca moradores pacíficos”, disse Grigoryan. Baku negou ser responsável.
A defensora pública armênia Kristina Grigoryan anunciou pouco depois que uma pessoa foi morta em um bombardeio do Azerbaijão, que também deixou seis feridos.
Grigoryan afirmou que os confrontos forçaram centenas de armênios a fugir de suas casas. O Azerbaijão relatou, por sua vez, 71 mortes entre suas forças armadas.
É o confronto mais sério desde a guerra de seis semanas entre os dois países em 2020, e ocorre quando a Rússia, aliada próxima da Armênia, está envolvida em quase sete meses de intervenção militar na Ucrânia.
A presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, deve visitar Yerevan neste fim de semana, de acordo com o jornal Politico, citando fontes próximas à viagem.
Por outro lado, uma delegação da Organização do Tratado de Segurança Coletiva – liderada por Moscou e que reúne ex-repúblicas soviéticas – chegou à capital armênia na noite de quinta-feira, segundo o Ministério da Defesa.
A Armênia é membro desse órgão, mas o Azerbaijão não.
Na terça-feira, o Conselho de Segurança da Armênia solicitou ajuda militar de Moscou, que, por pertencer a esse órgão, teria que defender seu aliado no caso de uma invasão estrangeira.
A Rússia tem sido um mediador tradicional no Cáucaso, mas desde que Moscou invadiu a Ucrânia, a União Europeia tem desempenhado um papel importante na intermediação entre os dois países da região.
Durante as discussões mediadas pela UE em abril e maio, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e Pashinyan concordaram com novas negociações com vista a um futuro tratado de paz.
Os dois presidentes encontraram-se pela última vez em Bruxelas, no dia 31 de agosto, numa reunião organizada pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
A Armênia e o Azerbaijão travaram duas guerras nas últimas três décadas pelo controle da região de Nagorno-Karabakh.
Os separatistas armênios de Nagorno-Karabakh se separaram do Azerbaijão quando a União Soviética entrou em colapso em 1991.
Um primeiro conflito, antes do de 2020, custou cerca de 30.000 vidas.
*Com informações de AFP