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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca neste domingo (20) para Kazan, na Rússia, onde participará da primeira cúpula de líderes do Brics após a ampliação do bloco, formado por economias emergentes.
O grupo, que inicialmente incluía Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, agora conta com a adesão de Arábia Saudita, Egito, Irã, Etiópia e Emirados Árabes, embora a Arábia Saudita ainda não tenha formalmente aceitado o convite.
As atividades da cúpula estão previstas para ocorrer entre terça (22) e quinta-feira (24), com o líder russo Vladimir Putin como anfitrião. Em 2023, ele não participou do encontro na África do Sul, temendo ser preso devido a um mandado emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra na Ucrânia.
O embaixador Eduardo Paes Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, informou que, apesar de não haver um tópico específico para discutir a guerra entre Rússia e Ucrânia, o tema poderá surgir caso os líderes manifestem interesse.
Na sexta-feira (18), Putin declarou que não comparecerá à cúpula do G20, que ocorrerá no Brasil daqui a um mês, após o procurador-geral da Ucrânia solicitar que as autoridades brasileiras cumpram o mandado de prisão expedido contra ele pelo TPI, caso ele viesse ao evento no Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19 de novembro.
Putin afirmou que sua presença poderia prejudicar o andamento do encontro e disse que a Rússia será representada por outro membro.
Apesar de não reconhecer o Tribunal Penal Internacional, Putin reafirmou que a Rússia mantém “boas relações com o Brasil” e sugeriu que um acordo poderia ser firmado para evitar complicações legais, ressaltando que “tais veredictos são facilmente ignoráveis”.
O líder russo também afirmou que suas tropas estão preparadas para continuar lutando até garantir a vitória no conflito na Ucrânia, com o objetivo de alcançar uma “paz duradoura”, e acusou a Otan de usar tropas ucranianas contra a Rússia.
Putin considerou equilibrada a proposta conjunta da China e do Brasil para encerrar o conflito, apresentada em maio. Ele acredita que o plano, que propõe a redução da tensão e o reestabelecimento do diálogo direto sem exigir a retirada das tropas russas da Ucrânia, poderia servir de base para uma solução. No entanto, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rejeitou a iniciativa, alegando que ela favorece os interesses de Moscou.
Saboia também destacou que o principal tema da cúpula em Kazan será a criação de uma nova categoria dentro do Brics, chamada “países parceiros”, um modelo de adesão ao bloco que não confere os mesmos direitos dos membros plenos, como o Brasil.
O Brasil, que assumirá a presidência rotativa do bloco em 2025, defende que novos membros apoiem a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, um pleito histórico da diplomacia brasileira.
O Brics, especialmente sob a influência de China e Rússia, busca se consolidar como um bloco que rivalize com as potências ocidentais no cenário internacional.
