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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira que o Whatsapp, aplicativo de mensagens do Facebook, entrará em pagamentos no Brasil “em breve” e que a autoridade monetária mantém conversas com o Google nesse sentido, além de outras gigantes de tecnologia que ele não mencionou nominalmente.
Ao ser questionado se o Whatsapp iria entrar em pagamentos dentro do sistema de pagamentos instantâneo Pix ou fora dele, Campos Neto respondeu, em coletiva de imprensa, que a empresa começará com transferências de valores entre pessoas, no desenho conhecido como P2P (‘peer to peer’).
“Whatsapp vai entrar, vai começar fazendo P2P em breve. Eu tenho conversado bastante com o CEO do Whatsapp, inclusive ele tem me dito que o processo no Banco Central foi mais rápido do que em outros países”, disse.
“Então a gente está avançando bastante com o processo, vai começar com P2P e depois vai fazer P2M (transferência entre pessoas e estabelecimentos). Nossa única preocupação é passar por todos os critérios de aprovação e que a gente tenha sistema que fomente competição, do mesmo jeito que estamos conversando com Google e com outros”, completou.
Além do Whatsapp, o BC está conversando com o Google e outras big techs, pontuou Campos Neto, destacando que há vontade de estar no Brasil, que conta com mercado consumidor “bastante amplo”, com “oportunidade na digitalização”.
O BC suspendeu o serviço anunciado pelo Whatsapp, o Facebook Pay, em 23 de junho, alegando a necessidade de que ele passasse por um processo de autorização. O modelo lançado no Brasil pela companhia em 15 de junho previa a transferência de recursos por meio do aplicativo através de cartões, com utilização dos sistemas de pagamentos existentes da Visa e da Mastercard.
Na época, fontes próximas às discussões apontaram que o lançamento de pagamentos pelo Whatsapp antes do início pleno de operações do Pix poderia afetar negativamente a nova plataforma do BC.
Isso porque o Whatsapp é utilizado em larga escala no país e poderia já consolidar um mercado novo, blindado de concorrência, antes das transferências de pessoa física para pessoa física serem também facilitadas — e barateadas– com o Pix. O Pix foi lançado nesta segunda-feira pelo BC, em linha com cronograma divulgado há meses.
O pagamento instantâneo pelo Pix funcionará 24 horas por dia, todos os dias do ano, a um custo operacional significativamente mais baixo que o de modalidades conhecidas, como transferências do tipo TED ou DOC e pagamentos por cartões de crédito e débito. Segundo o BC, o custo do Pix é de 1 centavo para 10 transações.
As operações de pessoa física para pessoa física no Pix são gratuitas desde que feitas por meios eletrônicos. As compras feitas por pessoas físicas com o Pix tampouco podem ser tarifadas. Em contrapartida, os bancos poderão taxar as transações com Pix feitas entre empresas, tanto na ponta do pagador quanto do recebedor.
(Reuters)