O serviço de streaming do Disney+ censurou um episódio de “ Os Simpsons ” em Hong Kong , onde a plataforma foi lançada no início deste mês. O episódio diz respeito a uma visita de uma família de desenhos animados fictícios à Praça Tiananmen de Pequim.
A mídia local de Hong Kong informa que o episódio, o 12º da 16ª temporada de 2005, não pode ser acessado no território. Ele está disponível em outras partes da Ásia ou em Hong Kong por meio de uma rede privada virtual que permite ao usuário alterar seu endereço IP.
A praça foi o cenário em 4 de junho de 1989 de um levante estudantil que foi derrubado com força letal e deu origem às famosas fotografias de um “homem do tanque” de um manifestante tentando desafiar o equipamento militar que se aproximava. Várias centenas, possivelmente milhares, de manifestantes foram mortos.
As preocupações com a censura cresceram rápido em Hong Kong desde junho passado, quando Pequim impôs uma ampla lei de segurança nacional para reprimir protestos antigovernamentais de meses de duração. Hong Kong, uma ex-colônia britânica, prometeu pelo menos 50 anos de liberdades civis após seu retorno ao controle chinês em 1997. Mas, segundo a lei, muitas dessas liberdades desapareceram, com as agências de notícias silenciadas , canções proibidas e museus rigorosamente regulamentados .
Este ano, o governo também ampliou seus poderes de censura de filmes , permitindo-lhe bloquear a distribuição de filmes, nacionais ou estrangeiros, que considerou prejudicar a segurança nacional.
Não ficou claro se a Disney optou por omitir o episódio “Simpsons”, que foi ao ar pela primeira vez em 2005, ou se foi solicitado por reguladores do governo. A Disney não respondeu a uma investigação e a autoridade de comunicação de Hong Kong se recusou a comentar. Mas o bureau de comércio e desenvolvimento econômico disse em um comunicado que a lei de censura de filmes se aplica apenas a filmes, não a serviços de streaming.
Isso sugere que a Disney se censurou preventivamente, disse Grace Leung , especialista em regulamentação de mídia da Universidade Chinesa de Hong Kong ao The New York Times.
