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Após a prisão do fundador da rede de lojas Ricardo Eletro, nesta quinta-feira (8), o Ministério Público revelou que há registros de sonegação de impostos por parte do grupo empresarial em Minas Gerais há pelo menos cerca de 10 anos.
As investigações apontam que apenas o Governo de Minas Gerais deixou de arrecadar em torno R$ 380 milhões em função das irregularidades. De acordo com o promotor de Justiça Fábio Reis de Nazareth, existem suspeitas de que os crimes possam também ter ocorrido em outros Estados.
“Após a operação, eu recebi ligações de promotores da Paraíba, Rio de Janeiro, Goiás e Bahia pedindo para compartilharmos as provas porque o grupo empresarial também é detentor de dívidas nestes Estados.” declarou o promotor
A empresa deixou de repassar ao Governo de Minas valores arrecadados com o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) mesmo após ter recolhido a taxa dos clientes.
O promotor de Justiça Fábio Reis de Nazareth explica que quando a empresa era questionada pelo poder público, os administradores negociavam a dívida, porém não faziam os pagamentos.
“A rede mantinha o Estado em “banho-maria”, falando que tinha interesse em negociar, mas não fazia propostas ou assinava o termo de parcelamento, pagava duas parcelas e facava inadimplete novamente.” detalhou.
O delegado Vitor Abdala, da Polícia Civil, informou que a suspeita é que o dinheiro que não foi repassado ao Estado foi usado na aquisição de empresas e imóveis no nome de parentes do empresário Ricardo Nunes, fundador da rede de lojas, caracterizando lavagem de dinheiro. A rede de lojas também estaria pagando contas particulares de Nunes.
“Inclusive recebemos informações de empresas nas Ilhas Britânicas em nome da mãe do investigado. É uma senhora de quase 80 anos de idade que vai ser intimada a depor.” afirmou o delegado
As empresas investigadas também incluem as companhias pertencentes ao irmão de Ricardo Nunes e à filha dele, que também foi presa nesta manhã. A Justiça também expediu o pedido de prisão de um dos diretores executivos da Ricardo Eletro na gestão de Nunes, mas o gestor ainda não foi localizado.
Outro lado
A Ricardo Eletro afirmou em entrevista ao R7 que as fraudes apuradas teriam ocorrido na gestão de Nunes, que inclsive não é mais sócio da empresa. A marca afirmou que está cooperando com as investigações. A reportagem procurou a defesa do empresário Ricardo Nunes e aguarda retorno.
Veja a nota da empresa:
“A Ricardo Eletro informa que Ricardo Nunes e/ou familiares não fazem parte do seu quadro de acionistas e nem mesmo da administração da companhia desde 2019. A Ricardo Eletro pertence a um fundo de investimento em participação, que vem trabalhando para superar as crises financeiras que assolam a companhia desde 2017, sendo inclusive objeto de recuperação extrajudicial devidamente homologada perante a Justiça, em 2019.
Vale ainda esclarecer que a operação realizada hoje (08/07) pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pela Receita Estadual e pela Polícia Civil, faz parte de processos anteriores a gestão atual da companhia e dizem respeito a supostos atos praticados por Ricardo Nunes e familiares, não tendo ligação com a companhia.
Em relação à dívida com o Estado de MG, a Ricardo Eletro reconhece parcialmente as dívidas e, antes da pandemia, estava em discussão avançada com o Estado para pagamento dos tributos passados, em consonância com as leis estaduais.
A Ricardo Eletro se coloca à disposição para colaborar integralmente com as investigações.”