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O Ministério Público de Goiás (MPGO) anunciou nesta quarta-feira (07) que vai recorrer contra a decisão do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) que autorizou o arquivamento do processo contra o padre Robson de Oliveira Pereira, investigado por lavagem de dinheiro enquanto dirigia a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), em Trindade (GO).
A assessoria de imprensa do órgão informou que os integrantes do MP irão se reunir ainda nesta hoje para definir como serão os próximos passos do caso.
Na terça-feira (06) o desembargador Nicodemes Domingos Borges, da 1ª Câmara Criminal do Tribunal decretou o arquivamento, pois segundo ele a Afipe é uma entidade privada e não existem provas suficientes que comprovem que o dinheiro doado pelos fiéis tenham sido desviados para outras finalidades.
“A Afipe se trata de uma associação civil evangelizador e, para atender às suas necessidades, poderá criar atividades como instrumento captador de recursos financeiros”, argumento
Da reunião dos promotores deve sair a estratégia que visa manter a investigação em andamento na Justiça.
O advogado do padre, Pedro Paulo de Medeiros, declarou ao jornal Correio Brazilense que o sacerdote recebeu a notícia do arquivamento do processo com alegria e tranquilidade, mas sem surpresa. A defesa destacou ainda que, se o Ministério Público de Goiás tivesse procurado o padre para dar explicações, tudo já teria sido esclarecido. “Essa é a verdade que sempre existiu, não houve qualquer surpresa. Mas ele ficou feliz de ver a verdade estabelecida. O padre Robson foi muito mais que absolvido, reconheceu-se que ele não cometeu nenhum crime”, afirmou.
De acordo com a investigação feita pelo MP, existiam pagamentos suspeitos da ordem de R$ 120 milhões, com prejuízo de R$ 60 milhões à Afipe. Porém, o argumento da defesa foi que todos os bens adquiridos com dinheiro de doações de fiéis pertencem à associação e não ao padre. O advogado também disse que o estatuto da associação permite, expressamente, a possibilidade de usar o dinheiro para investimentos, com o objetivo de aumentar os recursos a serem aplicados na evangelização. “A Afipe é uma entidade privada e quem decide o que é feito com o dinheiro é a própria associação”, explica o advogado.
Quando a operação foi deflagrada, o sacerdote se afastou da Afipe, destacando que o objetivo é contribuir com as investigações dos promotores. A Arquidiocese de Goiânia suspendeu temporariamente o direito de realizar celebrações do padre Robson em 23 de agosto, dois dias após a operação. Nos últimos meses, o padre ficou recolhido, cuidando da sua defesa no processo. “Agora, ele está aguardando humildemente para que a Igreja e a Afipe definam os próximos passos dele”, revelou Pedro.
Operação Vendilhões
O Ministério Público apontou durante a Operação Vendilhões que a Afipe recebia doações altas de fiéis, chegando a R$ 20 milhões em doações por mês. Segundo o órgão, parte dos recursos teriam sido usados na compra de fazendas e de uma casa de praia. Em setembro passado, dois representantes do Vaticano estiveram em Trindade para investigar a associação.