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Em entrevista, o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, fez diversos ataques contra a Operação Lava Jato. O magistrado fez as declarações ao programa É Notícia, da RedeTV!, no dia 30 de novembro.
“Eu fico com a impressão de que, ali talvez a gente ainda vai saber mais, pelas falhas que ocorreram no próprio sistema político, a debilidade que o sistema político demonstrou e também o papel que a imprensa teve, criou-se um tipo de alucinação coletiva”, afirmou o ministro do STF sobre o legado da Lava Jato ao Brasil.
“Faltaram filtros. Eu me pergunto sempre, como gente tão chinfrim foi capaz de fazer um desastre tão grande? E falavase: “Não, vocês têm que decidir desta maneira”, ou as tais dez medidas de Curitiba, a tal República de Curitiba, e coisas do tipo. Veja, vamos mencionar devidamente: dois ou três procuradores, mais o Moro, fazendo regras que deveriam ser incorporadas à Constituição e às leis do país. Esse era o catálogo de Curitiba. Veja, o país é muito maior do que isso, não é? Então, a mim me parece que houve uma falha grave e isso, de alguma forma, eu já até disse, a República de Curitiba pariu Bolsonaro, na medida em que ela criminalizou toda a política. E aí faltou ao sistema político essa reação que, de quando em vez, nós temos na tradição da política brasileira, esse clube seleto de cardeais que mudam os rumos das coisas. Eu acho que faltou esse momento, faltou essa percepção. E por isso eu destaco depois o papel que jogou o Supremo Tribunal Federal, porque o próprio Supremo Tribunal Federal, em determinado momento, foi engolfado nesse… Foi emparedado pela “lava jato”. Eu lembro de uma situação em que o Moro contestou uma liminar do ministro Teori Zavascki e abriu-se uma investigação contra o STJ, contra o presidente e um outro ministro, que emparedou também o STJ. Portanto, todo o sistema estava dependente de Curitiba”, criticou o magistrado.
“Recentemente, o ministro Salomão me disse que fez uma correção lá na vara de Curitiba, na 13ª, e tem sinais de passagem por lá de alguma coisa como R$ 5 bilhões, e não se sabe bem como esse dinheiro foi destinado. Quer dizer, como que se cria um sistema tão falho? Nós que temos tanto orgulho do nosso Judiciário… Se chegar a R$ 100 mil depositados em qualquer vara, nós sabemos que tem que ser colocado na Caixa Econômica, no Banco do Brasil, isso é a conta do tesouro, como que se brincou?”, disse Gilmar Mendes.
“Exatamente. E aí transferindo dinheiro para a Transparência Internacional, repassando dinheiro para fundos que nós não sabemos bem quais são… Em suma, foi uma grande confusão. Criando um modelo de fundo eleitoral, você lembra da tal Fundação Dallagnol, que teria R$ 2,5 bilhões para operar combate à corrupção, pagar palestras. Sabe, de fato a gente andou muito errado nisso”.