Os negociadores do Senado que trabalham para chegar a um acordo sobre a legislação sobre violência armada estão pedindo à Casa Branca que fique de fora das negociações.
Alguns disseram que o envolvimento do presidente Biden não seria “útil” depois que ele pediu ao Congresso que aprovasse medidas de controle de armas, algumas das quais nem sequer são apoiadas por todos os 50 democratas.
A Casa Branca passou grande parte da semana passada discutindo sobre quanto envolvimento, se houver, o governo teria nas negociações, acabando por estabelecer mensagens de que o presidente daria espaço ao Congresso para negociar.
Então, uma reviravolta veio na quinta-feira, quando Biden fez um discurso no horário nobre pedindo ao Congresso que aprovasse uma série de medidas que os legisladores dizem não fazer parte das negociações, resultando em alguns questionamentos sobre a direção que a Casa Branca estava tomando. a matéria.
O senador Chris Murphy (Conn.), o principal negociador democrata nas negociações sobre violência armada, indicou que, embora tenha se comunicado com a Casa Branca sobre as negociações, até mesmo os democratas no Capitólio acham que as discussões têm mais chances de dar frutos sem a envolvimento do presidente ou de sua equipe.
“Acho que o Senado precisa fazer isso sozinho”, disse Murphy à CNN americana no domingo. “Falei com a Casa Branca todos os dias desde que essas negociações começaram. Mas agora, o Senado precisa lidar com essas negociações.”
Parlamentares de ambos os lados, incluindo democratas e republicanos diretamente envolvidos nas negociações, expressaram algum otimismo – e cautela – sobre se algum acordo poderia ser alcançado sobre a legislação sobre violência armada após o assassinato de 19 crianças em uma escola primária em Uvalde, no Texas.
O líder da maioria no Senado, Charles Schumer (DN.Y), deu aos principais negociadores um prazo desta semana para chegar a um acordo, que Murphy enfatizou que precisa acontecer dentro desse prazo. O Senado está nas próximas três semanas antes de decolar para o recesso de 4 de julho.
Stewart Verdery, que ajudou a negociar a legislação sobre crime e armas quando era líder do Senado e conselheiro do Comitê Judiciário, argumentou que a pressão do presidente no Capitólio poderia ser contraproducente.
“O Senado pode não funcionar tanto quanto antes, mas ainda funciona melhor nos casos em que não há um prazo legal para ação, quando um grupo bipartidário pode chegar a um acordo sem a insistência pública de um presidente”, disse Verdery. fundador da Monument Advocacy.
“Em 2022, um presidente empurrando a outra parte para um acordo cria uma contra-reação que é extremamente contraproducente”, acrescentou.
Enquanto isso, o senador Pat Toomey (R-Pa.), na segunda-feira, pareceu pisar no freio nos comentários que fez na televisão no dia anterior, nos quais ele sugeriu que o Senado estava mais perto de agir sobre a legislação de controle de armas do que em qualquer outro momento. servido na câmara superior.
“Cuidadamente, com cautela”, disse Toomey à Fox News em resposta a uma pergunta sobre se ele estava otimista sobre os negociadores produzirem um acordo. “Este é – este é um grande desafio.”
No domingo, Toomey também deu um soco em Biden, dizendo que o presidente “não estava sendo muito útil” depois que o presidente-executivo fez um raro discurso no horário nobre pedindo que o Congresso proibisse armas de assalto e revistas de alta capacidade ou aumentasse a idade de compra para essas armas de 18 a 21.
Biden também pediu ao Congresso que expanda as verificações de antecedentes, aprove leis de “bandeira vermelha” e requisitos de armazenamento seguro e revogue o escudo de responsabilidade para fabricantes e revendedores de armas.
“Isso vai se resumir a se conseguirmos chegar a um consenso no Senado dos Estados Unidos”, disse Toomey.
A Casa Branca disse na segunda-feira que Biden foi “encorajado pelas discussões” no Capitólio e que as equipes de assuntos legislativos estão em contato próximo com os negociadores do Senado.
“Respeitosamente discordamos do senador Toomey”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, na segunda-feira, quando solicitada a responder à ideia de que Biden não foi útil.
“Ele não pode fazer tudo sozinho, certo? Ele tomou algumas ações, algumas ações executivas”, disse ela. “E ele acredita que o Congresso deve continuar agindo, e vamos ver como vão as negociações. Vamos dar-lhe o espaço de que necessita.”
Uma renovação da proibição de armas de assalto de 1994, que expirou em 2004, dificilmente passará no Senado e superará o limite de 60 votos. Um importante democrata moderado, o senador Joe Manchin (W.Va.), disse na segunda-feira que apóia aumentar a idade para 21 anos para comprar rifles semiautomáticos, mas os republicanos ainda estão em desacordo com a legislação que de alguma forma restringiria a compra de armas. .
Toomey chamou o discurso de Biden de ineficaz porque “ele defendeu políticas que ele sabe com certeza não têm chance de passar no Senado – provavelmente não conseguiria nem 50 votos e manter os democratas, muito menos obter os 60 que precisaríamos”.
John LaBombard, ex-diretor de comunicação do senador Kyrsten Sinema (D-Ariz.), argumentou que declarações aspiracionais de Biden que não refletem a realidade não ajudarão a aprovar a legislação.
“Ao legislar, precisamos começar reconhecendo a realidade das margens de voto, e algumas das soluções propostas pelo presidente Biden não têm chance de ganhar o apoio necessário em um Senado dividido de 50 a 50”, disse LaBombard, agora vice-presidente sênior da ROKK. .
“Os senadores envolvidos nessas negociações sabem melhor do que ninguém o que é realisticamente possível – e eles têm muito mais credibilidade do que a Casa Branca tem com os senadores republicanos de que precisaremos se um acordo for alcançado”, acrescentou LaBombard.
