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Nesta quinta-feira (28), centenas de manifestantes invadiram o Parlamento do Iraque em um protesto contra a crise política no país. Congressistas iraquianos estão num impasse há 9 meses para escolher um novo chefe de Estado.
A polícia disparou gás lacrimogêneo em uma tentativa de impedir a multidão que entrou na Zona Verde de alta segurança de Bagdá agitando bandeiras, tirando fotos, cantando e aplaudindo em apoio ao clérigo Moqtada al-Sadr, líder do partido xiita com maior força política no país.
O bloco de Sadr ganhou 73 assentos no Congresso na eleição do ano passado, tornando-se a maior facção no parlamento de 329 assentos.
Nove meses depois do pleito, persiste o impasse sobre a formação de um novo governo.
A mobilização dos civis se deu em oposição à candidatura de Mohammed al-Sudani, rival político de Sadr, ao cargo de primeiro-ministro do país. Os manifestantes acusam Sudani de corrupção e ligação com grupos paramilitares.
“Vamos nos manifestar até que os políticos e grupos corruptos apoiados pelo Irã desapareçam”, disse à Reuters o professor de religião Safaa al-Baghdadi.
O primeiro-ministro, Mustafa al-Kadhimi, que continua no cargo até que novas eleições sejam realizadas, ordenou que os manifestantes se retirassem imediatamente do local. O político assumiu o poder em 2020, após uma série de protestos levarem à renúncia de Adel Abdul Mahdi.
Apesar da intervenção das forças de segurança durante a invasão, a multidão só recuou após Sadr emitir uma ordem de dispersão. “Obedecemos ao Sayyed”, gritavam os manifestantes enquanto deixavam calmamente o parlamento, um termo que homenageia Sadr ao reconhecê-lo como descendente do profeta Maomé.
Os protestos são o mais recente desafio para o Iraque, que, apesar de ser rico em petróleo, continua atolado em uma crise política e socioeconômica, mesmo com a disparada dos preços globais da energia.
A formação de um governo no país geralmente leva meses. Longe de um acordo para a escolha de um presidente e de um primeiro-ministro, a nação alcançou nesta semana a marca de 290 dias sem chefe de Estado definido, período mais longo de impasse político já registrado.
A paralisia deixou o Iraque sem plano orçamentário para 2022, atrasando reformas econômicas e investimentos em infraestrutura, tidos por analistas como cruciais para o país superar décadas de conflitos.
Desde a queda do ditador sunita Saddam Hussein, convencionou-se que os partidos xiitas, que representam a maioria demográfica do país, ocupam o cargo de primeiro-ministro; os curdos, a Presidência; e os sunitas, a chefia do Parlamento.
*De Gazeta Brasil, com informações de Veja