O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse em entrevista à Crusoé, divulgada nesta sexta-feira (29), que sua saída do governo do presidente Jair Bolsonaro “não teve nada de político nem oportunista”.
Ao ser questionado se sua saída foi “um gesto calculado”, o ex-ministro respondeu:
“Não. Foi um gesto baseado no princípio que eu sempre segui, que é fazer a coisa certa. Seria muito mais confortável permanecer no governo e a situação seria muito mais tranquila se eu saísse sem que houvesse rompimento. Nunca foi minha intenção prejudicar o governo. Mas eu vi uma interferência política na Polícia Federal para a utilização dela para motivos que eu não reputei apropriados e entendi que era meu dever expor aquela situação, com o objetivo principal de proteger a Polícia Federal dessa iniciativa”.
E continuou:
“E o resultado foi positivo. Mesmo no caso da superintendência do Rio de Janeiro, em que pese ter havido a substituição do superintendente, na minha opinião houve um recuo do presidente porque não foi indicado quem era o nome da preferência do presidente. Minha ideia foi proteger a Polícia Federal. Não porque é a Polícia Federal, mas porque é uma instituição de estado, importante. Este governo tem dificuldade de separar a atuação do órgão como órgão de estado das vontades do governante. Isso enfraquece o estado de direito”.
“Na minha decisão, não teve nada de político nem cálculo oportunista. Pelo contrário, eu estou sujeito a retaliações, estou sujeito a ataques, como tenho sido atacado nas redes sociais. E do ponto de vista da minha popularidade, vejo que hoje, entre boa parte daqueles seguidores mais fervorosos que são tão ligados ao presidente que não admitem crítica, eu na verdade tive perda”, finalizou Moro.