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Em entrevista ao Estadão divulgada nesta terça-feira (19), o ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que o presidente Jair Bolsonaro se considera dono da empresa e defendia interesses dos caminhoneiros autônomos.
Castello Branco afirmou que mantém sua antiga posição em favor da privatização da estatal por considerar que a sociedade de economia mista é um “modelo híbrido inviável”.
Castello Branco, hoje membro do conselho de administração da Vale, deu as declarações eis meses depois de deixar o comando da empresa por ordem de Bolsonaro.
Na semana passada, o próprio presidente da República disse ter vontade de privatizar a companhia.
“No caso da Petrobras, o Estado brasileiro detém cerca de 37% do capital. A iniciativa privada, milhares e milhares de investidores privados, detém 63%. Mas o governo se acha o dono da Petrobras, o presidente da República diz que ele é o dono da empresa e quer proceder como tal, desobedecendo regras e regulações. Esta é uma confusão que políticos fazem, que o dono da Petrobras é o governo. Não, não é o governo. É o Estado brasileiro, a sociedade, somos todos nós “, disse Castello Branco.
De acordo com ele, “não faz sentido tirar dinheiro da Petrobras para subsidiar o consumo de combustíveis por determinados grupos”. “O governo é que tem de tomar medidas para resolver a questão [escalada do preço dos combustíveis], criando programas sociais, e não a Petrobras”, disse.
Castello Branco afirmou ter proposto ao governo soluções para o problema dos caminhoneiros, que não foram seguidas. Como vê um excesso de oferta no setor, disse que uma delas seria um programa de compra de caminhões antigos, com mais de 20 anos, que seriam vendidos como sucata para a indústria siderúrgica.
O programa seria acompanhado da concessão de bolsas de qualificação profissional para que os caminhoneiros deixassem esse mercado.
Segundo Castello Branco, isso seria mais barato que zerar PIS e Cofins do diesel, como o governo fez por dois meses.
O ex-presidente da Petrobras também disse ter proposto a indexação dos contratos de frete ao preço do diesel, que segundo ele foi implementada nos Estados Unidos na década de 1970 e segue em vigor.