O pré-candidato à Presidência Sergio Moro (Podemos) voltou a criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL) e acusou o atual chefe do Executivo de tirar a autonomia da Polícia Federal (PF).
Bolsonaro prestou depoimento no início de novembro do ano passado e negou interferência no órgão.
“A Polícia Federal não tem hoje a mesma autonomia que tinha na época da Lava Jato. Tanto que as operações de investigação por crimes de corrupção caíram abruptamente e praticamente não se vê mais ninguém sendo preso. Isso por conta em parte do presidente da República, que não dá essa autonomia, e porque há esse clima desfavorável de investigações de corrupção, um clima de intimidação, que vem de parte de outros Poderes”, declarou o ex-juiz ao jornal O Estadão.
Moro comentou que não se arrepende de ter assumido o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública porque permaneceu “fiel ao meu projeto, princípios e valores”, mas declarou ter “muito orgulho de ter deixado o governo”.
Ele classificou a saída como “a melhor decisão que eu tomei.”
O ex-ministro ainda comentou porque demorou para deixar o governo apesar de divergências com o presidente. “Eu tinha razões para permanecer. Não podia deixar o governo antes de o projeto anticrime ser votado. A Câmara inseriu modificações que pioraram o projeto e resolvi ficar até o veto presidencial. Foi um dos momentos no qual o presidente traiu o país e deixou de vetar alterações desse projeto que eram contrárias às suas promessas eleitorais”, começou.
“Já naquele momento o presidente havia feito movimentos para interferir na Polícia Federal e eu falei, inclusive expressamente, ao diretor da polícia que eu havia nomeado, mais ou menos os seguintes termos: ‘Não tenhamos ilusão, o governo não tem compromisso com essa pauta, mas agora nosso dever é permanecer para proteger a Polícia Federal’. Toda a minha permanência a partir de dezembro se explica principalmente por esse motivo”, completou.