Anualmente, cerca de 4,3 milhões de pacientes internados em hospitais da União Europeia (UE) e do Espaço Econômico Europeu (EEE) contraem ao menos uma infecção associada aos cuidados de saúde durante sua estadia.
Essa constatação é parte dos resultados do terceiro Inquérito de Prevalência Pontual das Infecções Associadas a Cuidados de Saúde (IACS) e dos antimicrobianos em hospitais de cuidados agudos, conduzido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), anunciados nesta segunda-feira (6).
O ECDC ressalta que tais infecções representam um desafio significativo para a segurança dos pacientes em hospitais de toda a Europa, especialmente destacando esses achados por ocasião do Dia Mundial da Higiene das Mãos (5 de maio). Os dados enfatizam a urgência de novas ações para mitigar essa ameaça.
Andrea Ammon, diretora do ECDC, argumenta que priorizar políticas e práticas de prevenção e controle de infecções, juntamente com a gestão adequada de antimicrobianos e aprimoramento da vigilância, é essencial para combater eficazmente a propagação dessas infecções e proteger a saúde dos pacientes em toda a UE/EEE.
O estudo revela que, durante 2022-2023, a COVID-19 contribuiu significativamente para o aumento do peso dessas infecções, em comparação com o inquérito anterior (2016-2017), colocando o SARS-CoV-2 como o quarto microrganismo mais comum nas IACS.
De acordo com os dados, as infecções do trato respiratório, incluindo pneumonia e COVID-19, representaram quase um terço de todos os casos notificados, seguidas por infecções do trato urinário, local da cirurgia, corrente sanguínea e gastrointestinais.
Além disso, houve um aumento no uso de antimicrobianos em comparação com pesquisas anteriores, com 35,5% dos pacientes recebendo pelo menos um agente antimicrobiano no estudo de 2022-2023, em comparação com 32,9% no estudo anterior.
Segundo o Centro de Controle de Doenças, em média, cerca de 390 mil pacientes hospitalizados na UE e no EEE recebem pelo menos um agente antimicrobiano a cada dia, sendo preocupante o fato de um em cada três microrganismos detectados nas pesquisas ser resistente a antibióticos importantes, o que limita as opções de tratamento para os pacientes infectados.
O estudo aponta que pelo menos 20% das infecções associadas a cuidados de saúde são consideradas evitáveis por meio de programas sustentados e multifacetados de prevenção e controle de infecções (PCI). Tais medidas são mais eficazes quando integradas a estratégias multimodais de implementação, combinando educação, monitoramento e feedback. A organização destaca que intervenções simples, como higiene das mãos e disponibilização de dispensadores de álcool gel nas camas, podem reduzir consideravelmente o número de IACS, enquanto intervenções mais complexas, como garantir quartos individuais adequados e pessoal especializado em PCI, desempenham um papel crucial na prevenção dessas infecções.
Há uma variação significativa na implementação de programas de PCI nos hospitais europeus, indicando a necessidade de práticas normalizadas e esforços adicionais para melhorar o cumprimento dessas medidas. Os resultados do inquérito também sublinham a importância da implementação de medidas preventivas para infecções virais respiratórias em contextos de cuidados de saúde, incluindo testes precoces para diagnóstico, seguidos de precauções baseadas na transmissão e, durante períodos de alta prevalência comunitária, consideração do uso de máscara em todo o contexto dos cuidados de saúde.