Britânicos são aconselhados a tomar vitamina D durante os meses de outono e inverno – entre outubro e início de março – quando a luz solar é muito fraca para o corpo produzir a vitamina a partir dela.
A vitamina D ajuda a regular a quantidade de cálcio e fosfato no corpo, nutrientes necessários para manter ossos, dentes e músculos saudáveis.
Agora, cientistas sugerem que este suplemento comum pode ser capaz de retardar o processo de envelhecimento do nosso corpo – embora observem que mais estudos são necessários para confirmar isso e desenvolver tratamentos específicos.
O grupo de cientistas italianos – liderado por Carmelinda Ruggiero da Divisão de Gerontologia e Geriatria da Universidade de Perugia – conduziu uma ampla revisão sobre os benefícios do uso de suplementos de vitamina D e como isso pode afetar as características do envelhecimento no corpo.
“O envelhecimento é um processo complexo e multifatorial, marcado pelo declínio progressivo das funções dos órgãos, levando à fragilidade e aumento da suscetibilidade a doenças relacionadas à idade”, escreveram os pesquisadores no estudo publicado na revista Nutrients.
As alterações relacionadas à idade no corpo são conhecidas como características – elas incluem mudanças no corpo como inflamação crônica, desequilíbrio de bactérias no intestino (disbiose) e senescência celular – onde as células param de se multiplicar, mas não morrem quando deveriam.
A instabilidade genômica é outra característica – trata-se de uma tendência aumentada para mutações no DNA durante a divisão celular e pode estar presente em muitos tipos de câncer.
“As características do envelhecimento são um conjunto de mecanismos biológicos interconectados que, individualmente ou sinergicamente, contribuem para danos moleculares e celulares, potencialmente iniciando e acelerando o início de doenças relacionadas à idade”, acrescentaram os pesquisadores.
Revisando uma série de estudos clínicos, a equipe de pesquisa italiana sugeriu que a vitamina D poderia ter um efeito positivo em várias dessas características relacionadas à idade.
O suplemento mostra potencial para regular a estabilidade e integridade do DNA, especialmente em condições como diabetes tipo 2 e câncer, escreveram os pesquisadores.
Estudos revisados também sugeriram que a suplementação de vitamina D pode reduzir danos ao DNA e estresse oxidativo, oferecendo potencialmente efeitos protetores contra instabilidade genômica e senescência induzida por oncogenes.
“A vitamina D parece regular e influenciar várias características do envelhecimento por meio de vias genômicas e não genômicas”, disseram os pesquisadores.
“Com base nos estudos clínicos disponíveis, podemos concluir que a vitamina D pode contribuir para a estabilidade genômica”, continuaram.
Ensaios com o suplemento também mostraram melhora na imunidade em adultos mais velhos, enquanto estudos adicionais pareciam mostrar que a vitamina D pode regular a homeostase de proteínas, o que impacta na longevidade e saúde muscular.
“Notavelmente, estudos clínicos apoiam o potencial da suplementação de vitamina D em impedir a disbiose, promovendo a recuperação da saúde da microbiota intestinal e fornecendo múltiplos benefícios à saúde.”
Mas eles observaram: “Apesar do interesse na suplementação de vitamina D como uma estratégia de apoio à longevidade humana e de algumas evidências sobre seu potencial em modular as características do envelhecimento, ainda estamos longe do ponto de tradução do laboratório para o leito.
“O conhecimento atual ainda não permite definir uma dosagem ótima potencial de vitamina D para modular as características do envelhecimento ou a idade cronológica ou funcional em que a suplementação de vitamina D pode ser útil na modulação de fatores biologicamente relacionados ao envelhecimento.
“Poderíamos especular que intervenções precoces para evitar a insuficiência de vitamina D podem ser protetoras a longo prazo, mas estudos longitudinais baseados em coortes homogêneas e terapia direcionada são necessários”, concluiu a equipe de pesquisa.
Pesquisas anteriores também encontraram que a vitamina D pode influenciar nossa idade biológica.
Cientistas da Charité Universitätsmedizin Berlin estudaram padrões epigenéticos em 1.600 participantes – este é o estudo de como nossos comportamentos e ambiente podem causar mudanças que afetam o funcionamento de nossos genes.
Eles descobriram que pessoas com baixa vitamina D no sangue eram “biologicamente mais velhas” do que pessoas com níveis adequados.
Além disso, os cromossomos – as estruturas que organizam o DNA – pareciam mais jovens em pessoas com níveis adequados de vitamina D (30-100 ng/mL).
Esses resultados sugerem que a vitamina D pode ajudar a prevenir o envelhecimento acelerado.
Também foi sugerido que tomar o suplemento diariamente pode ajudar a prevenir a demência.
Enquanto isso, cientistas afirmaram que o número de mortes por câncer no Reino Unido poderia cair 15 por cento se todos tomassem um suplemento de vitamina D.
Dados reunidos de 500.000 britânicos indicaram que a deficiência está ligada a um risco aumentado de mortalidade – especialmente em relação aos cânceres de intestino, estômago, próstata e pulmão.
Como posso aumentar meus níveis de vitamina D?
Você pode obter uma certa quantidade de vitamina D da sua dieta, através de alimentos como:
Peixes oleosos – como salmão, sardinha, arenque e cavala
Carne vermelha
Fígado (evite fígado se estiver grávida)
Gemada
Alimentos fortificados – como algumas margarinas e cereais matinais
Recomenda-se que crianças com mais de um ano de idade e adultos tomem um suplemento com 10 microgramas de vitamina D por dia durante o outono e o inverno.
Quais são os sintomas da deficiência de vitamina D?
A MAIORIA das pessoas com deficiência de vitamina D não percebe nenhum sintoma.
Outros podem notar sintomas vagos que podem ser sinais de qualquer número de condições. Possíveis sintomas incluem:
Dor muscular
Dor óssea
Aumento da sensibilidade à dor
Sensação de formigamento nas mãos ou pés
Fraqueza muscular em partes do corpo perto do tronco, como os braços superiores ou coxas
Andar cambaleante, devido à fraqueza muscular nos quadris ou pernas
Histórico de ossos quebrados
Tiques musculares ou tremores
Espasmos musculares
Pernas arqueadas (quando a deficiência é grave)
Quem está em risco de deficiência?
Pessoas que não têm níveis adequados de vitamina D podem estar deficientes por qualquer um destes motivos:
Exposição insuficiente ao sol
Pigmento da pele mais escuro
Desnutrição
Insuficiência renal ou hepática, que impede o corpo de processar adequadamente a vitamina D
Certos medicamentos
Certos tipos de câncer, como linfoma
História familiar de deficiência de vitamina D ou raquitismo na infância
Fonte: Yale Medicine
