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Israel afirmou neste domingo (29) que, antes do início da guerra de 12 dias, o regime iraniano estava prestes a concluir a construção do maior arsenal de mísseis balísticos do planeta, com capacidade para atingir alvos na Europa e transportar ogivas de uma ou duas toneladas.
A declaração foi feita por Oren Marmorstein, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, em entrevista ao jornal britânico The Sunday Times. Segundo ele, a operação conjunta lançada por Israel e Estados Unidos contra Teerã em 13 de junho não teve como único foco o programa nuclear iraniano, como chegou a afirmar o ex-presidente Donald Trump, mas sim duas ameaças consideradas existenciais: a atômica e a balística.
“Na verdade, agimos por causa de duas ameaças existenciais”, disse Marmorstein. “Uma era a nuclear, e agimos no momento certo porque o Irã estava prestes a construir uma bomba. Mas a outra era a ameaça balística.”
De acordo com ele, a inteligência norte-americana estimava que o Irã possuía cerca de 3 mil mísseis balísticos, mas já havia iniciado uma operação em larga escala para multiplicar esse número por quase sete, com a meta de alcançar 20 mil mísseis — alguns com alto poder destrutivo.
Marmorstein citou como exemplo o ataque que matou quatro pessoas em um abrigo na cidade israelense de Beersheba, ocorrido na terça-feira anterior ao cessar-fogo. “Imaginem se Teerã lançasse 10 mil desses”, afirmou. “Essa ameaça era tão existencial quanto uma bomba nuclear.”
O porta-voz israelense afirmou que o Irã havia atingido níveis industriais de produção de mísseis e estava prestes a se tornar o maior fabricante mundial desse tipo de armamento. Entre os mísseis fabricados, havia modelos intercontinentais com alcance superior ao da região e capazes de atingir a Europa. “Isso não era apenas para nós”, comentou, sugerindo que o perigo se estendia além do conflito Irã-Israel.
Sobre o programa nuclear, Marmorstein declarou que Teerã estava perigosamente próximo de ultrapassar o “ponto de não retorno”. Segundo ele, o regime já possuía urânio enriquecido suficiente para construir pelo menos nove bombas nucleares e vinha acelerando sua militarização atômica em um plano amplo que envolvia três frentes: a ameaça nuclear, a balística e a ofensiva física por meio de milícias e aliados na região.
Ele também atribuiu a aceleração do programa nuclear iraniano ao assassinato de Hassan Nasrallah, líder do grupo Hezbollah, morto em um ataque aéreo em Beirute atribuído a Israel, em setembro passado. A morte teria provocado uma escalada por parte do regime iraniano. Essa versão é compartilhada por Trump, mas não foi confirmada publicamente pela diretora de Inteligência Nacional dos EUA, Tulsi Gabbard, que prestou depoimento ao Congresso em março.
Ao comentar os resultados da operação militar israelense, batizada de “Leão Ascendente” (e chamada por Trump de “Guerra dos 12 Dias”), Marmorstein disse que o ataque superou as expectativas e atingiu o alto comando do regime iraniano logo na primeira noite de bombardeios. “Imaginem eliminar toda a liderança do regime iraniano na primeira noite; seria como se os nazistas perdessem toda a liderança da Wehrmacht nos primeiros dias da Segunda Guerra Mundial”, comparou. Ele também destacou a precisão das ofensivas: “Quase como James Bond”.
Apesar das críticas em Washington à intensidade dos ataques e ao uso de bombas antibúnquer pelos EUA, o governo israelense acredita que os danos causados foram profundos. “Retrocederam anos. A corrida nuclear sofreu um duro golpe”, afirmou Marmorstein. Ele também disse que parte significativa do arsenal de mísseis iraniano foi destruída, incluindo mais da metade dos 300 lançadores em operação. Uma instalação de produção de drones Shahed, usados pela Rússia contra a Ucrânia, também foi alvo dos ataques — o que, segundo ele, foi bem recebido por Kiev.
Entre os principais alvos da ofensiva estava uma instalação militar em Yazd, que abrigava o míssil Khorramshahr, baseado em tecnologia norte-coreana, com capacidade para transportar ogivas de até duas toneladas. Para Israel, esse armamento simbolizava o potencial destrutivo que o Irã buscava consolidar.
Durante a entrevista, Marmorstein compartilhou um relato pessoal do início da guerra. Segundo ele, foi acordado por uma sirene antiaérea às 3h da manhã de 13 de junho. “Disse à minha esposa e à minha mãe: ‘Isso é muito sério’”, relatou. Apesar de vários mísseis iranianos terem escapado do sistema de defesa Domo de Ferro e atingido áreas civis — matando 25 pessoas e destruindo edifícios —, ele afirmou que os danos teriam sido muito maiores caso a ofensiva não tivesse ocorrido.
Na quinta-feira seguinte, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, fez uma rara aparição pública e declarou vitória contra os Estados Unidos e Israel. Ele alegou que Washington foi forçado a agir para evitar a destruição completa do “regime sionista”. Marmorstein, no entanto, refutou essa afirmação: “O regime iraniano sofreu golpes severos, não apenas em seu programa nuclear e balístico, mas também no CGRI e na milícia Basij.”
Apesar de negar que o objetivo da operação tenha sido promover uma mudança de regime — “isso cabe ao povo iraniano decidir” —, o porta-voz afirmou que o governo israelense intensificou sua atuação nas redes sociais, com publicações em persa que já ultrapassaram 380 milhões de visualizações.
Desde o cessar-fogo, o Irã iniciou uma nova onda de repressão interna. Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores de Israel, mais de 200 mil iranianos abandonaram seus canais digitais. “Este foi um marco importante, talvez um ponto de inflexão, mas não acabou”, disse Marmorstein. “Já interrompemos o programa nuclear do Irã antes, mas não sei se a natureza das ambições do regime mudou. A comunidade internacional deve exigir que o Irã abandone qualquer tentativa insensata de retomá-lo.”
