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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concedeu nesta quinta-feira (23) perdão presidencial ao fundador da Binance, Changpeng Zhao, conhecido como CZ, que havia se declarado culpado por facilitar operações de lavagem de dinheiro enquanto chefiava a maior corretora de criptomoedas do mundo. A informação foi confirmada pela Casa Branca.
O perdão ocorre dois meses após o The Wall Street Journal divulgar que a família Trump manteve parceria com uma plataforma de negociação ligada à Binance em um empreendimento próprio de criptomoedas, que teria movimentado cerca de US$ 4,5 bilhões desde as eleições de 2024.
“Guerra contra as criptomoedas”, diz Casa Branca
“O presidente Trump exerceu sua autoridade constitucional ao conceder o perdão ao senhor Zhao, que foi processado pela administração Biden em sua guerra contra as criptomoedas”, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, em comunicado.
“Na ânsia de punir a indústria cripto, o governo Biden perseguiu Zhao, apesar de não haver acusações de fraude ou vítimas identificáveis”, completou Leavitt.
Questionado por jornalistas sobre o motivo do perdão, Trump respondeu:
“Não sei, ele foi recomendado por muitas pessoas. Muita gente dizia que ele não era culpado de nada. Então, concedi o perdão a pedido de várias pessoas muito boas.”
Ligações com aliados de Trump
Segundo a NBC News, documentos públicos revelam que, em setembro, a Binance contratou os serviços do lobista Charles McDowell, amigo de Donald Trump Jr.. A empresa de McDowell, Checkmate Government Relations, recebeu US$ 450 mil por um mês de trabalho, que incluiu lobby junto à Casa Branca e ao Departamento do Tesouro em busca de “alívio executivo” e políticas financeiras favoráveis a ativos digitais e criptomoedas.
O perdão de Zhao foi concedido poucos dias após Trump também ter comutado a pena de 87 meses do ex-deputado George Santos, condenado por fraude eletrônica e roubo de identidade.
“Gratidão profunda”, diz Zhao
Em publicação na rede X (antigo Twitter), Zhao agradeceu o perdão presidencial:
“Profundamente grato pelo perdão de hoje e ao presidente Trump por manter o compromisso dos Estados Unidos com a justiça, a inovação e a equidade.”
Ele acrescentou que pretende “fazer tudo o que for possível para tornar os EUA a capital mundial das criptomoedas e impulsionar o avanço da Web3 no mundo”.
A Binance, em nota enviada à NBC, celebrou a decisão:
“Notícia incrível do perdão de CZ hoje. Agradecemos ao presidente Trump por sua liderança e compromisso em fazer dos EUA a capital global das criptomoedas.”
Condenação e acusações anteriores
Em novembro de 2023, Zhao havia se declarado culpado na Justiça Federal de Seattle e concordado em deixar o cargo de CEO da Binance como parte de um acordo de US$ 4,3 bilhões com o Departamento de Justiça (DOJ).
O empresário foi acusado de violar a Lei de Sigilo Bancário por não implementar um programa eficaz de combate à lavagem de dinheiro e de ignorar sanções econômicas dos EUA em busca de lucros no mercado norte-americano.
Zhao foi condenado em abril de 2024 a quatro meses de prisão, embora promotores federais tenham solicitado uma pena de três anos.
Na época, o então procurador-geral Merrick Garland afirmou:
“A Binance se tornou a maior corretora de criptomoedas do mundo, em parte, pelos crimes que cometeu. Agora está pagando uma das maiores multas corporativas da história dos EUA.”
A então secretária do Tesouro, Janet Yellen, também criticou a empresa:
“A Binance fechou os olhos para suas obrigações legais em busca de lucro, permitindo que dinheiro fluísse para terroristas, cibercriminosos e abusadores infantis.”
Fim da “guerra contra o cripto”, diz Casa Branca
Leavitt, porta-voz da Casa Branca, destacou nesta quinta-feira que a pena pedida pelos promotores foi “exagerada” e fora dos parâmetros da Justiça americana.
“O governo Biden buscou prender Zhao por três anos — uma pena tão fora das diretrizes que até o juiz afirmou nunca ter visto algo assim em 30 anos de carreira.”
Segundo ela, as ações da administração anterior “danificaram a reputação dos EUA como líder global em tecnologia e inovação”.
“A guerra contra as criptomoedas acabou”, concluiu Leavitt.