Em comunicado divulgado na noite de quarta-feira (30), a Petrobras fez um alerta aos investidores internacionais de que, diante de falas do presidente Jair Bolsonaro, uma nova equipe na direção da estatal poderá mudar a política de preços com o fim do alinhamento ao mercado internacional.
“O presidente brasileiro tem feito, algumas vezes, declarações sobre a necessidade de modificar e ajustar a política de preços para condições domésticas”, cita o documento enviado à SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA.
“Diante de declarações do presidente brasileiro, uma nova direção ou Conselho de Administração poderá propor alterações nas políticas de preço, inclusive com decisão de que essa política não busque alinhamento com preços internacionais”, completa o texto no trecho sobre riscos financeiros relacionados à empresa.
À CNN Brasil, o ministro de Minas e Energia, Bento Albulquerque, disse que não será alterada a política de preços da Petrobras.
O documento, porém, destaca a possibilidade de que a mudança seja feita pelo presidente da República. Em seguida, a estatal explica que o governo brasileiro pode tentar usar a empresa para executar políticas públicas.
“O governo brasileiro, como nosso acionista controlador, pode tentar atingir alguns objetivos macroeconômicos e sociais através de nós (a companhia), o que pode ter efeito material adverso”, afirma.
“Não podemos garantir que nossa maneira de definir preços não mudará no futuro. Mudanças em nossa política de preços de combustíveis podem ter um impacto material adverso em nossos negócios, resultados, situação financeira e valor de nossos títulos”, cita o documento.
O documento em que a Petrobras faz o alerta é um calhamaço de 349 páginas e é divulgado anualmente por empresas que têm ações listadas nos Estados Unidos.
O relatório, conhecido como 20-F, traz um panorama bastante detalhado dos negócios da companhia, com detalhamento dos resultados financeiros, operacionais e possíveis riscos do negócio.