O presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por manter, temporariamente, Jean Paul Prates como presidente da Petrobras. De acordo com fontes consultadas, a recente crise enfrentada pela empresa não resultará na demissão do dirigente. A decisão de Lula é vista como uma medida para acalmar o mercado e reduzir as tensões entre os investidores. Desde que o Conselho de Administração da Petrobras decidiu reter os dividendos extraordinários da empresa em março, tem havido discordância dentro do governo, incluindo trocas de críticas entre Prates e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Por enquanto, a situação na empresa parece estar estabilizada.
Recentemente, Lula teve reuniões com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pelo menos duas vezes para discutir o assunto. Durante esses encontros, o ministro compartilhou informações sobre a situação financeira da Petrobras com o presidente. Uma das informações apresentadas foi que a eventual liberação dos R$ 43,9 bilhões bloqueados em dividendos extraordinários renderia à União R$ 13 bilhões, que equivalem a 30% dos ganhos do governo como acionista majoritário da empresa. Na semana anterior, Haddad, Silveira e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, concordaram em liberar os dividendos extraordinários.
Se confirmada a liberação, esse montante poderia ajudar o governo a lidar com o déficit das contas públicas. Na época da reunião do Conselho de Administração da Petrobras, a administração Lula havia negociado um acordo para que o grupo votasse a favor de não distribuir os lucros. Prates se absteve da votação, demonstrando alinhamento aos acionistas minoritários. Desde então, a crise na estatal tem se intensificado.
O episódio da crise dos dividendos desagradou Lula. Nos dias seguintes, o presidente reconsiderou a atuação de Prates como chefe da Petrobras. Segundo membros do governo, houve dois dias de intensas negociações em relação à posição do Conselho de Administração sobre a distribuição dos lucros da empresa. “Prates traiu Lula”, afirmou um colaborador do presidente.
Essa medida criou um distanciamento entre Lula e Prates, levando o presidente a considerar outros nomes nos bastidores para o comando da companhia. Um desses nomes foi o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. “O ideal seria uma pessoa focada na gestão e nos resultados da empresa, que se comunicasse pouco externamente. Um perfil que equilibrasse os interesses do Brasil, do governo Lula e da empresa”, destacou um membro do governo.
Como reportado, Lula se reuniu com Mercadante e deixou o diretor do banco em alerta sobre o comando da Petrobras, embora essa ideia tenha perdido força. Outro fator que favorece Prates é a visão do mercado financeiro.