O programa europeu Copernicus de observação da Terra divulgou nesta terça-feira (9) que março de 2024 foi o décimo mês consecutivo com recorde de calor. As temperaturas do ar e dos oceanos também atingiram níveis históricos neste mês, segundo a agência.
Com média de 14,14º Celsius (C), março superou o recorde anterior, de 2016, em um décimo de grau. Além disso, foi 1,68ºC mais quente do que no final do século 19, período utilizado como base para as temperaturas antes da intensificação da queima de combustíveis fósseis.
Desde junho de 2023, o planeta tem batido recordes de calor mensalmente, com a contribuição de ondas marítimas em vastas áreas oceânicas. Cientistas afirmam que o calor recorde não foi uma surpresa devido ao forte El Niño, condição climática que aquece a zona central do Pacífico e altera os padrões climáticos globais.
“Mas a combinação do El Niño com as ondas de calor marítimas não naturais tornou esses recordes ainda mais impressionantes”, disse Jennifer Francis, cientista do Centro de Investigação Climática Woodwell.
Com a desaceleração do El Niño, as margens pelas quais as temperaturas médias globais são ultrapassadas todos os meses devem diminuir, acrescentou Jennifer.
Os cientistas do clima atribuem a maior parte dos recordes de calor às mudanças climáticas provocadas pelo homem, devido às emissões de gases como dióxido de carbono e metano, geradas pela queima de carvão, petróleo e gás natural.
“A trajetória não vai mudar enquanto as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera não pararem de aumentar”, observou Francis.
Os dados de temperatura do Copernicus são mensais e utilizam um sistema de medição ligeiramente diferente do limiar de Paris, cuja média é calculada ao longo de duas ou três décadas.
O mundo já registrou 12 meses com temperaturas médias mensais 1,58ºC acima do índice de Paris, de acordo com os dados do Copernicus.
Em março, a temperatura média global da superfície do mar foi de 21,07ºC, o índice mensal mais elevado de que há registro e ligeiramente superior ao de fevereiro.